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A Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres e os Campos das Lajens

(por: José Rodolpho Assenço)

                         A Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, bela Catedral de estilo gótico — cópia da Igreja de Magdeburg, na Alemanha — foi construída entre 1912 e 1921 e marcou a transição do estilo românico para o gótico na Europa.

Planejada para ser construída toda em pedras da região, desenhada pelo Frei Egídio Lother e realizada pelo Frei Gabriel Zimmer, possui duas torres piramidais.  Mas sua história e a história do nome envolvido remonta às ordens franciscana do século XIV.

matriz_de_nossa_senhora_dos_prazeres

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Por volta de 1590, uma imagem da Virgem apareceu sobre uma fonte em Portugal e as pessoas que ali bebiam da água alcançavam graças milagrosas. Nesse local, foi construída uma Igreja franciscana de Nossa Senhora dos Prazeres.

Existe a celebração dos Prazeres de Nossa Senhora ou as sete alegrias de Maria: Anunciação do Anjo; Visita de Maria à prima Isabel; Nascimento de Jesus; Adoração dos Magos; Maria e José encontram Jesus no tempo; Maria vê Jesus ressuscitado; Assunção e coroação de Maria no céu. Tais acontecimentos são rezados na fé católica dos franciscanos “os prazeres de Maria”.

No planalto catarinense, na Vila de Campos das Lajens (Lages SC), foi erguida a primeira capela em 1767 pelos franciscanos Frei Tomé de Jesus e Frei Manoel da Natividade Teixeira e, nesse mesmo período, o governador da capitania de São Paulo Don Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão recomendou ao Capitão-mor Antonio Correia Pinto que o nome da vila fosse em homenagem a essa fé, ou seja, “Nossa Senhora dos Prazeres dos Campos das Lajens”.

casas_antigas_no_centro_de_lages

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Recomendou ainda o governador que, tão logo possível, fosse construída também a Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres.

Dizia o então governador provincial que “Sem Missa não se pode governar os povos”.

praça_joão_ribeiro

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Em minha viagem a essa cidade do planalto catarinense, tive o prazer de realizar uma rápida visita a esse belo monumento gótico, talvez único original no Brasil.

igreja_de_nossa_senhora_dos_prazeres

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Passei por suas ruas laterais, analisando o conjunto arquitetônico e parei por alguns instantes defronte a sua fachada principal, visualizando as torres, as pedras e as duas cúpulas.  Um belo calçadão separa, em média distância, sua fachada da rua do centro da cidade.

prefeitura_municipal_de_lages

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Não pude deixar de observar também o belo prédio a seu lado, o da Prefeitura Municipal de Lages, um belo edifício de arquitetura italiana, construído em 1901, com pedra-laje de arenito, natural da região, que deu nome à cidade de Lages, funcionando plenamente nos dias de hoje.

praça_joão_ribeiro

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Na sequência, desci à Praça João Ribeiro, bem arborizada, com alguns restaurantes famosos pela qualidade das carnes servidas.

restaurantes_em_lages

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Alguns outros prédios compõem a imagem de uma cidade que mistura o histórico com o crescimento e a modernidade.

centro_de_lages

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Tendo visitado a praça e as ruas próximas à catedral, finalizei meu passeio no centro histórico dessa cidade.

O Convento de São José em Lages, e a história de Frei Rogério Neuhaus

(por: José Rodolpho Assenço)

                        O Convento de São José em Lages, Santa Catarina, é um monumento à saga vivida pelos Franciscanos no planalto catarinense, uma região inóspita, onde a rusticidade, a falta de religiosidade, indiferença e a falta de tradição, além da pobreza, criaram um desafio descomunal para esses sacerdotes a época.

convento_de_são_josé

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                        Em visita ao centro de Lage, passeava pelas Igrejas e ruas, quando deparei com a bela visão do conjunto arquitetônico do Convento de São José e seu colégio.  Imediatamente, estacionei o carro e, naquele momento, tinha em mãos  uma máquina fotográfica compacta  com poucos recursos. Era inverno, uma manhã muito fria e o céu todo coberto por serração dificultava ainda mais  bom registro fotográfico.

                        Porém não desistiria de conhecer tão belo prédio composto de capela e colégio, além de um mausoléu anexo.

estatua_e_o_colégio_são_josé

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                        Iniciei registrando a bela estátua de São Francisco em primeiro plano, o que me criou uma confusão quanto ao nome do convento. 

estatua_de_são_francisco_de_assis

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Segui pela lateral, jardins e entrei na capela onde, com muito pouca luz e muita dificuldade, consegui registrar uma imagem da nave dessa Igreja.

capela_de_são_josé_em_lages

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                        Retornando ao pátio externo, prossegui registrando uma pequena capela onde uma senhora acendia velas, ora ajoelhava, outra ora em pé a rezar.

capela_e_altar

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                        Por sorte, pois não havia nenhuma sinalização, descobri, após uma entrada, um mausoléu com capela onde está o corpo de Frei Rogério Neuhaus. 

tumulo_de_frei_rogério_neuhaus

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  Naquele local, registros em forma de quadro fixado na parede lateral me proporcionaram conhecer um pouco da história do citado frei.

rogério_neuhaus

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                        Minha curiosidade ficou extremamente aguçada, o que me levou a pesquisar no dia seguinte a história do  Sr. Neuhaus.

                        Seu nome era Henrique Neuhaus, nascido em Borken, Alemanha, em 1863.  Em 1881, recebeu o nome de Frei Rogério, desembarcou em 1891 em Salvador, de onde, imediatamente, seguiu rumo a Santa Catarina.  Em 1892, foi enviado a Lages, onde, por muitos anos, seria sua área de atuação, ou seja, no planalto catarinense.

                        Disse Frei Rogério ao chegar a Lages: “A cidadezinha tinha uns mil habitantes e como não houvesse nenhuma boa estrada, poucos tinham contato com o litoral.”  Nesse habitat, o Frei tornou-se o “Apóstolo do Planalto Catarinense”.

                        Frei Rogério Neuhaus passou, por trinta anos, nos estados do Paraná e Santa Catarina. Nesta última, grande parte na região de Lages.  Atravessava essas paragens em viagens sobre o lombo de mula por dias e semanas, com riscos enormes, como o de ser atacado por bugres ou por invasores espanhóis. Caiu enfermo, por diversas vezes, em meio ao frio intenso da serra catarinense.

                        Em um episódio, Frei Rogério sofreu com inúmeros fanáticos nos anos de 1912 a 1916,  chefiados por um falso monge José Maria de Santo Agostinho, que, na verdade, era Miguel Lucena de Boaventura, um desertor do exército, procurado pela polícia do Paraná.   A atuação de Frei Rogério  foi inútil, capítulo da história que resultou na Guerra do Contestado.

                        Seguiu o Frei sua atuação também no Planalto paranaense quando, em 1922, descobriu que estava perdendo a visão.  Diante da gravidade, procurou recursos em São Paulo e, por fim, no Rio de Janeiro para onde se mudou definitivamente.

                        Mesmo sem visão, prosseguiu seu trabalho no Rio, com resultados surpreendentes, prestando socorro aos carentes, visitando doentes, hospitais, asilos e casas de caridade. 

                        Em 1934,  ainda trabalhando, Frei Rogério foi internado na Casa de Saúde São José com câncer generalizado, vindo a falecer no mesmo ano.

conjunto_de_salas_do_colegio_são_josé

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                        Após visitar o local e, na sequência, conhecer a trajetória do Frei Rogério Neuhaus, uma parte da historia dos Franciscanos no Brasil, e em especial no planalto catarinense, reforçou minha conclusão de que devemos tomar cuidados com todos os detalhes daquilo que conhecemos.

predio_da_capela

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  Poderia muito bem ter fotografado e conhecido aquela bela edificação sem ter me atido a detalhes históricos que ampliam o nosso conhecimento.