Arquivo da tag: igreja de santana

BRASÍLIA, “A ORIGINAL” – E a bela Matriz de Sant’Ana

(por: José Rodolpho Assenço)

                   Brasília de Minas é uma cidade situada ao norte do estado, acima de Montes Claros, no caminho de Januária. Tem sua história ligada ao nome da capital do país.

praça da matriz em brasília de minas

praça da matriz em brasília de minas

                   Uma história interessante da qual não existe divulgação alguma, por qual motivo seria?  Talvez por não se querer ligar a pequena e bela Brasília de Minas à capital, ou simplesmente para sustentar a ideia de que ela seria uma invenção ou criação de Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer.

brasília de minas

brasília de minas

                   Não desfazendo de nossa bela capital, da qual amamos e moramos, tampouco das habilidosas criações do arquiteto Oscar Niemeyer e de toda a odisseia de interiorizar a capital do país que promoveu um imenso desenvolvimento ao Brasil, senti-me interessado em conhecer um pouco essa história, adormecida nesse município mineiro.

                    Isso aconteceu quando de minhas recentes andanças pelo norte de Minas, dessa feita, acompanhado de Nayara, quando rumávamos a caminho de Montes Claros.

                Tinha certo conhecimento desse caso, mas por não haver estudado esses detalhes, fiquei imensamente curioso de entrar na pequena cidade, quando por lá passávamos.

                   A história de Brasília de Minas começa quando das antigas povoações do norte de minas na região que compunha o médio São Francisco em um desdobramento da freguesia de Morrinhos.

                   Essa pequena povoação necessitava de uma paróquia em homenagem a Santa’Ana. Houve, porém, inúmeras desavenças sobre qual localidade ela seria construída.

                   Essas desavenças, teriam dado o nome a esse arraial de Sant’Ana de Contendas, o que permaneceu por muitos anos.

                   Em 1890, todavia, o Arraial de Contendas foi elevado à condição de vila e, em seguida, seu nome teria sido substituído para Vila Brasília no primeiro ano do século passado, e, posteriormente, substituído por Brasília, quando da não mais utilização da condição de Vila, época da denominação de uma cidade pequena.

                   Teria, em 1956, a cidade cedido o nome de Brasília para a capital federal, época de um acordo político entre Juscelino Kubitschek e o prefeito da cidade, acordo esse em que o nome da antiga Contendas passaria a ser Brasília de Minas e ainda, para tanto, ganharia a cidade uma rodovia que ligaria as duas Brasílias, com a denominação de Estrada da Integração, o que não veio a acontecer.

casa em brasília de minas

casa em brasília de minas

                   A bem da verdade, o fato é que existem diversos cidadãos Brasilminenses de mais idade detendo, em suas documentações, a condição de Brasiliense.

                   Em nossa estada na cidade, buscamos uma grande avenida comercial que nos levaria até o centro da cidade em um outeiro local onde se encontra a bela Igreja Matriz de Sant’Ana.

matriz de santana

matriz de santana

                   Essa Igreja não é mais a da antiga Contendas, mas se trata de uma bela obra, uma Igreja de proporções médias com uma arquitetura bem interessante.

praça e avenida em brasília de minas

praça e avenida em brasília de minas

                   Logo que chegamos, estacionamos o caro e buscamos algumas fotos do começo da avenida que segue para a parte comercial da cidade, bem como de algumas casas interessantes.

casas em brasília de minas

casas em brasília de minas

                   Seguimos fotografando a praça de frente da Matriz e os casarões que a cercam.

casas brasília de minas

casas brasília de minas

                   Por fim, dediquemo-nos em clicar a Matriz de Sant’Ana por diversos ângulos.

matriz em brasília de minas

matriz em brasília de minas

                   Depois, seguimos nossa viagem ao próximo destino.

URUPEMA e a Cachoeira que Congela

(por: José Rodolpho Assenço)

                        Urupema é uma pequena cidade no alto da Serra Catarinense, provavelmente a única que apresenta incidência de geadas em todos os meses do ano, com frequente queda de neve de maio a setembro.

                        Quando em minha peregrinação acompanhado das crianças (joão Guilherme e João Victor), pela Serra Catarinense, tive a oportunidade de refrescar minha memória no tocante a existência desse local. Contou-me um senhor que a cidade São Joaquim é famosa pela neve e por ser uma cidade maior, porém a mais fria do Brasil e com a menor sensação térmica seria Urupema.

                        Estávamos nessa empreitada justamente em busca do desconhecido — ou pouco conhecido — e percebemos que uma oportunidade como essa não poderíamos desperdiçar.   Logo à noite, comuniquei aos meninos nossa tarefa para o dia seguinte: um percurso de aproximadamente setenta quilômetros, por uma estrada bastante sinuosa até a pequena Urupema, bela cidade,  e a mais fria do Brasil.

vista_de_urupema

vista_de_urupema

                        Saímos cedo, logo após o café no intuito de passar todo o dia tentando conhecer as belezas naturais do local.

                        Urupema, que possui hoje 2.500 habitantes, surgiu devido à fartura de Pinheiro-do-Paraná, a araucária brasiliense, ou araucária angustifólia, o que fornecia madeira, lenha e alimento em grande quantidade. A economia da cidade, por muitos anos, esteve atrelada à extração dessa madeira.

casa_de_madeira_em_urupema

casa_de_madeira_em_urupema

                        Em uma pequena planície cercada de serras, com uma altitude de 1430 metros acima do nível do mar, com temperaturas mínimas, planuras essas que são coincidentemente as mais baixas do pais, com média anual de 12 graus, nos meses de outono e, no inverno, sua máxima, mesmo durante o dia, raramente ultrapassa os 5 graus.

igreja_matriz_de_santa'anna_em_urupema

igreja_matriz_de_santa’anna_em_urupema

                        Assim que chegamos à pequena cidade, estávamos com o carro fechado e climatizado. Logo procuramos a praça central e a Igreja, onde estacionamos próximo dela.  Estávamos todos com casaco, cachecol e gorro. Foi nessa oportunidade que peguei minha máquina fotográfica para iniciar a visita pela Igreja e, em seguida, percorrer a praça e a cidade.

                        Subimos a escadaria da Igreja Matriz de Santa’Anna. O vento era cortante e a temperatura deveria estar abaixo de zero. As crianças se divertiam com a sensação térmica do local.  Naquele momento, ao mesmo tempo em que queria tirar fotos, inclusive da Matriz, preocupava-me com o conforto dos meninos e, assim, me dispersei quanto aos detalhes da Igreja, apenas registrei algumas fotos.

praça_da_igreja_matriz_em_urupema

praça_da_igreja_matriz_em_urupema

                        Para nossa surpresa, fazia semelhante frio no interior da igreja, pois suas janelas abertas não impediam a ação do vento que nos castigava bastante.

                        Instantes depois, saímos de lá para passear pela praça. O frio, naquele momento, algo em torno de 10 horas da manha, era tão intenso que convidei os que me acompanhavam a retornar ao carro, o que fizemos de imediato para buscar mais cachecol e luvas, tentando nos equipar melhor e, assim, seguimos para a visita à praça.

casa_em_urupema

casa_em_urupema

                        Havia no local um jovem casal que também visitava a cidade, porém, não resistindo à ação do vento, desistiram desse intento.

urupema

urupema

                        Após essas visitas iniciais, seguimos pelas principais ruas da cidade. Esta parecia quase deserta, poucas lojas abertas.

avenida_principal_em_urupema

avenida_principal_em_urupema

Pude observar a existência de dois hotéis, padaria e dois outros restaurantes, nada mais.

urupema

urupema

                        Logo encontrei com um nativo que me falou sobre a serra e principalmente de que deveria visitar a Cachoeira que congela, distante poucos quilômetros da cidade.  Após esse comentário sobre a cachoeira, os moleques estavam aguçados para conhecer tão diferente corredeira; riam bastante, pois nunca foram a uma cidade com uma cachoeira desse tipo.

                        Seguimos pela estrada e logo chegamos à entrada de terra que segue mais uns dois quilômetros até a cachoeira.

estrada_para_cachoeira_que_congela

estrada_para_cachoeira_que_congela

Paramos o carro e, novamente, enrolados em cachecóis e toca, embrenhamos pela mata em uma trilha bem feita, que não muito distante, nos levou à cachoeira.

                        Logo na entrada da trilha, existe uma placa dando informações sobre ela, que costuma congelar nos dias mais frios, onde a temperatura local fica normalmente por volta de cinco graus negativos. Sua altitude em relação ao nível do mar é de 1580 metros.

placa_na_cachoeira_que_congela

placa_na_cachoeira_que_congela

 

                        A cachoeira fica à sombra da serra e com uma mata exuberante, o que dificulta a ação do sol e, por esse motivo, somado ao frio intenso, ela congela realmente, chegando a ficar nessa condição por dias. Mais uma vez os meninos acharam o máximo as fotos da cachoeira congelada.

                        Na cachoeira, no exato momento em que estivemos, não estava congelada. Fiquei muito atento para que nenhum dos meninos viesse a molhar o pé ou o calçado, o que aumentaria muito a sensação de frio e causaria incômodo no nosso retorno.

cachoeira_que_congela

cachoeira_que_congela

 

                        Mais uma vez, o vento apertou bastante e decidimos retornar pela trilha até o carro.  Voltamos a Urupema, passamos pela praça central e percebemos que uma emissora de televisão do estado fazia uma reportagem no referido local.

                        Logo mais à noite, tomamos conhecimento, em jornal de rede nacional, que, naquela manhã, em Urupema, a temperatura estava abaixo de zero e com sensação térmica de menos dezenove graus.