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O Grande Sertão Veredas – Aventura pelo maior parque do cerrado

(por: José Rodolpho Assenço)           

                        No ano próximo passado, eu, Nayara e o fotografo Cleber Medeiros decidimos por conhecer e fotografar esse que é o maior parque nacional, a maior unidade de conservação do país.

                        Decidimos realizar essa visita em um feriado, pois sabíamos que perderíamos mais de um dia na região.

                        O Parque Nacional Grande Sertão Veredas, tem o seu nome em homenagem a uma das mais importantes obras literárias brasileira de João Guimarães Rosa.  Obra esta que conta a saga de um bando de jagunço, tendo como personagens principais Riobaldo Tatarana e seu companheiro Diadorim.

                        A obra retrata a vida de componentes dos bandos que realmente  assolavam o sertão norte mineiro no inicio do século XX.

                        O Parque possui 230,8 milhões de hectares e se espalha grande parte pelo norte de minas nos municípios de Arinos, Formoso e Chapada Gaúcha, sendo esse ultimo a sede e única forma de acesso.   Mas também em trechos de Goiás e em grande parte da Bahia em especial no município de Cocos.

                        Proporciona a unidade proteção de inúmeras espécies da fauna e flora do cerrado, muitas delas ameaçadas de extinção pela ampliação das fronteiras agrícolas.  Sendo também uma reserva para pesquisa científica.

                        Embora a predominância de cerrado, existe uma diversidade imensa pois alem deste conta com inúmeros trechos de matas ciliares e com vegetações de transição com a caatinga.

                        Seu melhor acesso saindo da capital do país se da por Formosa Goiás, seguindo para Arinos em Minas e por seguinte até a Chapada Gaúcha município que possui a entrada do parque e uma sede da ICMbio.

                        A sede do município encontra-se poucos quilômetros do parque podendo-se contar nos dedos das mãos.

                        Partimos de Chapada Gaúcha bem cedo com nosso guia Anderson Santana, compramos alguns alimentos, pois passaríamos todo o dia nessa empreita e muitas garrafas d’agua e sucos, levando em consideração que não há nenhuma estrutura dentro do parque.

                        A bem da verdade o parque esta fechado para visitação, a única forma de entrar é se registrando como pesquisador ou fotografo especializado no ICMbio de Chapada, e contratando um dos guias cadastrados na região a quem o instituto concede a chave da portaria.  Tal procedimento se faz realmente necessário, um parque dessas proporções com inúmeros meandros, trilhas e atoleiros, levaria um visitante desavisado a se perder com facilidade e onde permaneceria por dias até ser encontrado.

                        Prosseguindo nosso trajeto por estrada de terra e areia,  fazendo-se a necessidade de transitar em marchas reduzidas, logo chegamos a portaria onde, nosso guia Anderson desceu para abrir e fechar na sequencia. 

parque-grande-sertao-veredas

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Percorremos a partir desse ponto aproximadamente uns vinte quilômetros onde, paramos para observar um toco de buriti que no alto abrigava um ninho de araras azuis e vermelhas, descemos para tirar umas fotos da qual Cleber teve a habilidade e felicidade de registrar muito bem.

estrada-no-grande-sertao-veredas

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                        Seguimos mais alguns quilômetros de areia e atolamos pela primeira vez em uma área muito fofa.  Logo descemos para empurrar o veiculo que, sem muita dificuldade se desvencilhou do atoleiro, percebemos também, algumas marcas de pata de onça no areão onde tiramos mais algumas fotos.

                        Rodamos por mais alguns quilômetros aproximadamente uns sessenta desde a partida, para chegar ao Rio Carinhanha, divisa exata entre Minas Gerais e Bahia, logo paramos para mais uma sessão de fotos.

rio-carinhanha

rio-carinhanha

                        O Carinhanha provavelmente seja no cerrado o rio mais puro e protegido, com águas límpidas que chegam a ele de todos os seus afluentes.

carinhanha

carinhanha

                     Saindo da divisa seguimos por mais uns vinte quilômetros ou, até atingir o Rio Preto, outro afluente do Carinhanha de águas límpidas, passamos imediatamente  em uma ponte de madeira e estacionamos logo à frente.

rio-preto

rio-preto

                        Anderson nos contou nesse momento, sobre o ponto de passagens de tropas mineiras na região, sempre em busca dos bandos de jagunços e dos relatos da passagem por aquela região.  Ficamos por um tempo observando o belo e límpido rio. Logo nosso guia no convidou para seguir caminhando e beirando o Córrego Santa Rita, um dos afluentes por sua vez do Rio Preto.  Andamos aproximados trezentos metros e, nesse momento decidimos por um banho em sua água gelada, porem o retorno à ponte de madeira, decidimos ir boiando, descendo o córrego pela correnteza até encontrar novamente a ponte do Preto uns trezentos metros a frente.

corrego-santa-rita

corrego-santa-rita

                        Saindo do Rio Preto pegamos uma estrada ou trilha também de areia, uma vez que toda a região é muito arenosa, conhecida como Belém Brasília em alusão a ser uma grande distância em uma grande reta, onde logo próximo ao inicio atolamos pela segunda vez e novamente sem muita dificuldade de sair.   Seguimos nessa estrada aproximadamente uns setenta quilômetros, passamos por uma grande torre metálica, construída para observação do parque e, por fim chegamos à trilha do Mato Grande no município mineiro de Formoso.

                        Tirando as torres de observação de queimada o final da trilha do Mato Grande possui a única infra-estrutura de todo o parque composta de um grande quiosque de madeira de qualidade, bem envernizado, com mesas e cadeiras, quiosque esse que possui formato redondo como um ranchão.  Trata-se de um local propicio para descanso e observação da natureza.  Próximo a esse quiosque existe uma “casinha”, que corresponde a um banheiro químico seco, cujo tratamento dos dejetos é cal e serragem.

                        Seguindo a trilha e descendo a beira do rio chegamos logo a Cachoeira do Mato Grande local onde novamente todos aproveitaram para mais um banho amenizando o calor do sertão.

cachoeira-do-mato-dentro

cachoeira-do-mato-dentro

                        Quando do retorno ao quiosque aproveitamos para lanchar alguns sanduíches e sucos que havíamos levado e para trocar as vestimentas pondo roupas secas.

                     Aproximadamente às dezesseis horas, retornamos ao veiculo e buscamos mais uns trinta quilômetros de terra até atingir a estrada que vem de Formoso para Chapada Gaúcha, e por seguinte o asfalto.

SANTO ANTONIO DO BOQUEIRÃO – Lenda e Romaria

(por: José Rodolpho Assenço)

                        Em minha ultima passagem por Unaí-MG, no começo de junho próximo passado, decidi por conhecer Santo Antonio do Boqueirão, povoamento do município com 270 anos de história, almoçar no local e fazer algumas fotos em especial ao entardecer.

boqueirão

boqueirão

                        Ainda, em Unaí pela manhã, encontramos com dois motociclistas da cidade que haviam acabado de chegar de uma trilha, e, em conversa rápida e informal, busquei informações sobre a localidade: como chegar; e o que haveria para almoçar no local.  Saímos para Boqueirão já próximo às 14 horas.

                        Rodando por uns 15 quilômetros de asfalto que liga Unaí a Paracatu, buscamos uma rodovia de terra em boas condições que, como a festa do Boqueirão se aproximava, a Prefeitura provavelmente teria feito reparos recentes.

                        Após uns seis quilômetros chegamos a uma minúscula localidade chamada Campinas onde em uma lanchonete bastante agradável denominada “K & Pira” paramos para tomar um refrigerante, e, onde a proprietária nos informou mais detalhes de como chegar ao nosso destino.

                        Fiquei na duvida quanto ao significado do nome se tratava-se da figura do Caipira, ou se o cliente na verdade Cai e Pira. 

                        Feita esta parada seguimos por mais dezesseis quilômetros de terra até atingir Santo Antonio do Boqueirão.

santo-antonio-do-boqueirão

santo-antonio-do-boqueirão

                        Boqueirão é o povoamento mais antigo do município de Unaí, situado as margens do Rio Preto, uma Arraial que guarda sua simplicidade como se o tempo ali tivesse parado.  Existe logo na entrada uma grande ponte atravessando o Rio, toda em aroeira e já com muitos anos de existência algumas poucas casas conserva o aspecto original e a Igreja de Santo Antonio.

casa-no-boqueirão

casa-no-boqueirão

                        A lenda de sua criação, foi a da aparição de uma imagem do Santo sobre um toco, a pouco mais de cem metros das margens do Rio Preto, a qual teria sido recolhida e levada para a paróquia de Paracatu.  No entanto pouco tempo depois, a estatua desapareceu da paróquia e voltou a surgir no mesmo local sobre o toco.  Conta-se porem que teria sido o próprio dono das terras que teria buscado a imagem, no intuito da atrair pessoas à região o que efetivamente aconteceu.

                        Diversos peregrinos, visitante e romeiros começaram a visitar o local onde hoje existe a Igreja de Santo Antonio, e assim, em duzentos e setenta anos de historia essa romaria acontece em louvor ao Santo, seguida de uma festa de dez dias a qual esse ano iria iniciar no sábado dia 9 de junho, com encerramento no dia 16, tendo como evento principal a missa e festividades do dia 13 dia do Santo.

                        Durante as festividades, acontece honrarias e entregas de comendas as pessoas que efetivamente contribuem com a romaria.

                        Percebe-se porem que o evento é também momento de encontro das famílias tradicionais de Unaí em especial na missa.

                        Logo que eu e Nayara chegamos ao local, avistamos a grande ponte de madeira da qual parei para tirar diversas fotos nos dois sentidos, e a ultrapassa-la logo avistamos o bar e restaurante do Gaspar do peixe.

ponte-sobre-rio-preto

ponte-sobre-rio-preto

                        Parando o carro e mesmo sem descer, o senhor Gaspar veio nos receber dizendo para ficar ali pois faria um peixe frito para saborear.  Confirmei inicialmente que sim mais que antes iria fazer algumas fotos da Igreja, casas e cemitério.

                        Cumprida essa etapa voltamos ao senhor Gaspar que muito bem nos recebeu com uma cerveja gelada e que imediatamente começou a preparar o peixe frito com salada.

gaspar-do-peixe

gaspar-do-peixe

                        Gaspar mostrou o seu estabelecimento, o Rio logo abaixo onde comumente ele pesca, apresentou sua família e contou muitos “causus”.  Contou que mora no local à vinte anos que é oriundo de Patos de Minas e dizia estar muito feliz na localidade.

rio-preto-no-boqueirão

rio-preto-no-boqueirão

                        Nayara agradada pela fartura do local, decidiu fazer um vídeo, do qual divulgou no Face perguntando da seguinte forma “Seu Gaspar aqui ta faltando gasolina: aqui não, tem uns galão chein ; Seu Gaspar e gás ta faltando: gás também não tem bastante ali; Seu Gaspar e peixe: os que num ta no frizê ta no rio nadando; E cerveja gelada: essa é que num falta mesmo”.

senhor-gaspar

senhor-gaspar

                        Após o jantar e tendo agradecido ao seu Gaspar, voltamos ao nosso intento que era de fotografar Boqueirão ao entardecer.

sto antonio-boqueirão

sto antonio-boqueirão

                        Fotografamos novamente a Igreja casas ao redor e finalizamos nossas imagens com fotos da ponte.

igreja-de-santo-antonio-do-boqueirão

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                        Concluído os trabalhos retornamos de noite em busca da rodovia que nos levaria até Paracatu, destino final desse dia.