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LAGOLÂNDIA e a incrível história de Santa Dica

(por: José Rodolpho Assenço)

                        Lagolândia, pequeno povoado com pouco mais de 500 habitantes, distante 38 quilômetros de Pirenópolis, Goiás, preserva a incrível história de Santa Dica, Benedita Cipriano Gomes.

casas_em_lagolândia

casas_em_lagolândia

                        Em determinado domingo, estava na referida cidade goiana — acompanhado do fotógrafo Cleber Medeiros e de sua namorada Jaque —, fotografando a cidade. Decidimos logo cedo seguir pela estrada com destino àquele pequeno povoado, a fim de conhecê-lo, bem como ouvir um pouco sobre a vida de Dica.  Saímos logo cedo e, no percurso, tivemos que enfrentar uns cinco quilômetros em estrada não pavimentada, mas logo chegamos ao local, onde nos aguardava o fotógrafo Henrique Ferreira, amigo de Cleber.

lagolândia

lagolândia

                        Tínhamos pouca informação sobre o local. Nossa intenção era conhecer melhor a história desse povoado, bem como fotografar tudo que achássemos interessante.

                        Tomamos conhecimento de que uma menina chamada Dica, Benedita Cipriano Gomes, nascida em 1903, nessa região, morava numa fazenda no referido local. Aos sete anos, adoeceu ao ponto de perder todos os sinais vitais e teria sido considerada morta, porém seu corpo ainda suava muito e, por isso, acharam por bem esticar o velório por alguns dias. Logo no terceiro dia, para espanto de todos, Dica ressurgiu viva e recuperada.

                        O assunto se espalhou pela região e diversas romarias começaram a acontecer, trazendo fiéis em busca de benção.  Essa romaria crescia a cada ano. E Dica, já adulta, tinha adoradores de todas as partes. Em volta de sua casa, rapidamente formou-se um arraial, onde ela distribuía terras a seus devotos, chegando a ter aproximadamente quinze mil fiéis.

busto_de_santa_dica

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                        Ela também criou um exército e seu poder começou a incomodar as autoridades e fazendeiros poderosos da região. Seus adoradores, porém, juravam protegê-la contra qualquer tentativa de prisão, mas isso, no entanto, veio a acontecer em 1925, quando uma força do Estado invadiu a região.

                        Nessa ocasião, houve um tiroteio, porém apenas três pessoas morreram. Dizem que as balas batiam em Dica e em seus fiéis e caiam no chão como grãos de feijão.  Ela e alguns seguidores fugiram pelo fundo da casa, em direção ao Rio do Peixe, por ela denominado como rio Jordão. Consta que teria ela colocado uma sucuri no fundo do poço desse rio, que impedia a tropa de atravessá-lo, mesmo assim, foi presa. O interessante é que, até os dias de hoje, a população local não mergulha naquele local, com medo da tal sucuri.

                        Sua prisão demorou pouco tempo, tendo em vista a pressão popular sobre o caso, bem como não terem motivos efetivos para mantê-la atrás das grades.

                        Dica casou-se com um jornalista Carioca, que foi prefeito de Pirenópolis em 1934, participou também da Revolução Constitucionalista em 1932. Sua tropa voltou sem nenhuma baixa, o que foi considerado mais um milagre atribuído a Dica. Dizem também que essa tropa, naquela ocasião, teria atravessado, com os olhos vendados, uma ponte minada, sem que mina alguma tenha disparado. Outro registro é que tal força teria também enfrentado, com sucesso, a coluna Prestes.

                        Dica faleceu em 1970, em Goiânia, e foi sepultada conforme havia solicitado, na gameleira em frente a sua casa.

gameleira

gameleira

                        De volta a Lagolândia, estacionamos o carro na praça e fomos, imediatamente, fotografar a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Em seguida, a grande praça excessivamente ajardinada, onde se via o busto de Santa Dica.

igreja_de_nossa_senhora_da_conceição

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                        Descendo a rua lateral, chegamos a uma praça e paramos em um mercado situado no térreo do único prédio com três pavimentos do povoamento.

casas_e_praça_em_lagolândia

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Depois de um rápido lanche, partimos para a casa de Santa Dica.

casa_de_dica

casa_de_dica

                        Chegando lá, pudemos observar que o piso é de barro batido, não tendo nenhum tipo de calçamento; bancos dos dois lados, um pequeno altar na parede do fundo e um quadro de Dica quando era jovem.   Observamos ainda todo o teto dos diversos recintos da casa, incluindo a varanda com bandeirolas, o que sugere ter havido alguma festa recentemente.

altar_e_foto_de_santa_dica

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                        Depois, seguimos até as margens do poço do Rio Jordão e, por fim, fomos conhecer a famosa gameleira e o túmulo de Dica.

rio_jordão_em_lagolândia

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                        Impressionamo-nos como as raízes da gameleira entremeadas abraçavam o túmulo como se quisesse segurá-lo. Ficamos certo tempo observando e fotografando o local.

tumulo_de_dica

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                        Concluímos assim nossa missão de conhecer e materializar em fotos essa história intrigante.