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PORTO NACIONAL e a Igreja de Nossa Senhora das Mercês

(por: José Rodolpho Assenço)

                   Porto Nacional, cidade ribeirinha no Tocantins, foi um importante porto e centro comercial no Brasil Império. Sua bela Matriz representa hoje o principal monumento da cidade.

                   Tive oportunidade de visitar essa interessante cidade quando de minha estada no Tocantins, acompanhando a realização de outros eventos. Numa tarde, percorri os cerca de cinquenta quilômetros que a separa da capital do estado.

                   Contei, nessa viagem, com a presença de meu primo Ruy, também fotógrafo. Partimos para nossa empreitada, embora não tivéssemos naquele momento um dia estável, pois havia muitas nuvens no céu bem encoberto, e sem contar com o fato de já haver chovido naquele dia cedo.

porto nacional

porto nacional

                   Buscamos fazer um breve registro fotográfico da cidade, do porto, da matriz e das ruas, bem como dos casarios térreos que compõem essa cidade histórica.

orla em porto nacional

orla em porto nacional

                   Sua história começa por volta da metade do século XVIII, quando dos garimpos e da já existência dos arraiais de Natividade, Pontal (bem próximo), Almas, Duro e Monte do Carmo. Naquela época, nesses rincões, milhares de aventureiros, bandeirantes, garimpeiros, portugueses e também foragidos dos grandes centros circulavam em busca de oportunidades, riquezas e descobertas, levando-se em conta as ricas minas — então existentes nesses arraiais — que se encontravam no auge de sua extração.

                   Arraiais de lados opostos ao Rio São Tocantins, como Bom Jesus do Pontal e Nossa Senhora do Carmo, necessitavam de um ponto de apoio e de travessia do grandioso rio.  Nesse contexto, surgiram, nesse local, a sua margem, a figura dos barqueiros que realizavam essa travessia, tanto de pessoas e animais, como também de cargas.

         Logo um novo arraial se formava na beira do rio chamando-se de Porto Real do Pontal, em referência ao arraial aurífero próximo a ele.  No século XVIII, o transporte de carga para outras províncias era proibido por ordem real, no intuito de impedir que o ouro auferido escapasse do controle. Naquela época, todo transporte tinha que ser feito por terra, passando pelos registros e contagens.

         Porém, logo no começo do século XIX, foi incrementada, pela abertura dos portos, e essa aquavia tornou-se de imensa importância para o desenvolvimento da província.  Logo, Porto Real tornou-se o mais importante polo comercial de toda província.

porto nacional

porto nacional

         Em 1809, o local foi elevado à condição de Julgado e, com o declínio das minas e os ataques dos índios em especial em Pontal, Porto Real começou a receber esses migrantes de demais arraiais em busca de atividades agrícolas e comerciais.

casario em porto nacional

casario em porto nacional

         Surgiu ainda, em Porto Real, uma carpintaria especializada na confecção de embarcações que singravam o Rio Tocantins incessantemente rumo a Belém, no Pará.

         Ainda com o declínio de Pontal, Porto Real recebeu a imagem da então Igreja de Nosso Senhor de Bom Jesus do Pontal e, por ordem do ouvidor Joaquim Teotônio Segurado, foi mandado erguer em seu largo, no ano de 1810, uma capela — futura matriz do então arraial de Porto Real — para receber a referida imagem. Com o crescimento da cidade e com a chegada de inúmeros religiosos à Matriz de Nossa Senhora das Mercês, começou a ser planejada e sua construção iniciada em 1893.

matriz de nossa senhora das mercês

matriz de nossa senhora das mercês

         Retornando a minha estada na cidade, entramos pela avenida comercial e logo buscamos a orla. Logo que chegamos a este local — que fica bem abaixo do pequeno outeiro onde se encontra o centro histórico e a matriz —, estacionamos o carro e começamos a caminhar e a visitar essa orla, que conta com ajardinamento, uma grande praça, área destinada também a eventos, detivemo-nos, por alguns minutos fotografando o local e, em seguida, fomos visitar, logo à frente, alguns restaurantes flutuantes na sua nova margem.

restaurante flutuante em porto nacional

restaurante flutuante em porto nacional

         Finalizada a visita ao novo porto, subimos uma suave escadaria em direção a um pequeno mirante e ao outeiro, onde se encontra a matriz e demais casarios.  Nesse local, pudemos observar, além do largo e da praça da igreja, algumas ruelas que nascem dessas e são compostas por inúmeras casas coloniais mescladas com construções mais recentes.

casarões em porto nacional

casarões em porto nacional

         Continuamos nossas fotos com essas ruas e, em seguida, fotografamos a fachada imponente da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, seus alicerces, portas e portais em madeira e pedra.

nave da igreja nossa senhora das mercês

nave da igreja nossa senhora das mercês

  Em seguida, partimos pela lateral por onde adentramos a nave desse grande templo e realizamos inúmeras fotos da arquitetura e do altar-mor, onde se encontra a estátua de Bom Jesus do Pontal, lembrança intacta de um arraial extinto.

altar da Igreja de nossa senhora das mercês

altar da Igreja de nossa senhora das mercês

         Após a Igreja, decidimos caminhar por em diversas ruas centrais fotografando inúmeros casarios.

museu em porto nacional

museu em porto nacional

         Nessa caminhada, um belo casarão térreo extremamente conservado nos chamou bastante atenção. Tratava-se do museu da cidade.    Após essa rápida mais importante visita, eu e Ruy decidimos fazer um lanche rápido na cidade e retornar à capital.

Pontal do Coruripe

(por: José Rodolpho Assenço)

                       Encontrava-me hospedado na Praia do Francês, em um domingo de janeiro do corrente ano. Sabedor de que as praias e locais próximos a Maceió estavam por demais lotadas de turistas, principalmente os de fim de semana, achei por bem realizar um de meus planos: visitar o Pontal do Coruripe, lugar de rara beleza.

                        Peguei a ferramenta principal, a máquina fotográfica, e parti pela AL 101, estrada costeira estadual que prossegue rumo sul. Sabia que essa via encontrava-se em reforma e que, por isso, nem todo o trajeto de pouco mais de cem quilômetros seria tranquilo.

                        Após a entrada para São Miguel, observei que a via piorara muito. Deparei-me com alguns percalços, mas não desanimei.

                        Pouco antes da cidade de Coruripe, a aproximadamente uns oito quilômetros entrei na via que segue ao Pontal, deparei-me com uma pequena vila, onde conheci a Igreja de Bom Jesus dos Navegantes e o marco do naufrágio da nau Nossa Senhora da Ajuda, que conduzia o bispo Dom Pero Fernandes Sardinha a Portugal,  em 1560, pelo navegador espanhol Dom Rodrigo de Albanha.

igreja_de_bom_jesus_dos_navegantes registro_do_naufragio

                        Seguindo em frente pela vila, cheguei ao Farol e ao belo Pontal de Coruripe. Esse farol, símbolo da cidade, foi construído em local estratégico em 1948.  À sua frente, uma das praias mais belas do litoral sul, com arrecifes muito próximos, além das piscinas. Grande oportunidade de se desfrutar de uma cachoeira provocada pela ação do mar.

farol_do_pontal

                        Relatos da historia local e, os marcos, próximo ao farol informam que esse foi o primeiro ponto avistados pelas caravelas de Pedro Álvares Cabral, quando do descobrimento.

enseada

                        Desci à praia e de lá tive a oportunidade de colher várias fotos do mar e desse litoral.

praia_no_pontal_do_coruripe praia_do_pontal

                        Após algumas horas de praia e de descanso em uma barraca local, aguardei o final da tarde para prosseguir até à cidade de Coruripe para lá registrar a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Coruripe, onde se encontra uma grande torre retangular em um outeiro que propicia a visão parcial da cidade, e também da Igreja de São José de Poxim, marco da criação da vila de Coruripe.

matriz_de_nossa_senhora_da_conceiçao

                        Por sorte, em determinado momento, e no ângulo certo, consegui registrar concomitantemente as duas Igrejas em uma única foto.

igreja_de_sao_jose_do_poxim

                        Coruripe, anteriormente, era habitada pelos índios Caetés, que viviam às margens do rio de mesmo nome.

                        Consta que tais índios eram considerados canibais e que chegaram a se alimentar também de seus inimigos. Relatam também que o início da colonização desse local se deu pelos sobreviventes do naufrágio da Nau de Dom Pero Fernandes Sardinha.

cemiterio_de_coruripe