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MORADA NOVA, Capital Mineira do Pescado

(Por: José Rodolpho Assenço)

                        Morada Nova de Minas município as margens da grande represa de Três Marias, tem uma historia inusitada desde sua criação até os dias de hoje.

                        No carnaval passado decidi juntamente com Nayara e meus amigos, Humberto Neiva e família visitar essa conhecida cidade que já foi muito procurada tanto pelo turismo da pesca como pelos antigos carnavais que fazia.

                        Um povoamento bem antigo que remonta os primeiros anos do século XIX, iniciado com a Senhora Inácia Maria do Rosário, fazendeira então da região que doou uma área de 180 alqueires as Missões Franciscanas, mandando construir em 1810 uma capela a Nossa Senhora do Loreto.

morada nova

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                        Dona Inácia muito envolvida com as atividades religiosas decidiu por construir uma casa próxima a igreja e mudou-se em seguida para o local do lado da Igreja dando o nome ao local de sua Morada Nova.   Sequencialmente outros fazendeiros e demais pessoas da região fizeram o mesmo, construindo suas casas próximas a Igreja criando assim a primeira povoação.

                        O primeiro nome do local ficou sendo Morada, depois Nossa Senhora do Loreto e por fim Morada Nova de Minas.

                        O grande crescimento de Morada Nova aconteceu após o ano de 1950 quando se emancipou, mas foi brevemente interrompido com a criação da represa e com o fim do acesso terrestre a sua sede.

                        Conta-se que já foi um grande entreposto de cargas que chegavam ao sertão, e que também seguiriam para outras regiões.

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                        A inundação aconteceu de forma repentina para os munícipes, teriam sido avisados poucos dias antes o que provocou desespero a diversos fazendeiros que perderiam todas suas terras, houve nessa ocasião relatos de casos de suicídio e processos na justiça oriundos dessa intervenção.

                        “As águas começaram a chegar. Primeiro mansamente, um pontinho lá longe. E foram chegando e conquistando as partes baixas, assim como se fossem as donas. Começaram a formar pequenos braços e, em pouco tempo os braços eram poderosos como polvo. Tudo ficou submerso, como se nunca tivesse existido”.

                        Nesse contexto o crescimento ficou interrompido por muitos anos até o desenvolvimento do turismo de pesca e de eventos.   Muitos queriam passar feriados na orla de Morada Nova ou para pescar, ou simplesmente para se refrescar, porem, nos últimos dez anos devido às fracas chuvas e o recuo do nível da represa, deixou as praias distantes da água.

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                        Talvez por esse motivo os grandiosos carnavais que aconteciam já não exista mais e com isso novamente a cidade caiu em esquecimento.

                        Hoje Morada Nova desponta como a principal produtora de pescados de Minas Gerais, e uma das maiores do país com a produção de alevinos, pescados de diversos tipos em especial o filé de tilápia que é comercializado em todo Brasil.

                        Nossa viagem partiu de Paracatu, seguindo pela BR040 até aproximadamente uns trinta quilômetros após Três Marias, onde buscamos a rodovia de terra que leva até Morada Nova passando por Porto das Balsas, de onde se atravessa a represa.

                        Já estava anoitecendo quando chegamos ao porto e por sorte o balseiro nos aguardava, havia visto as luzes dos nossos carros descendo a chapada.  E assim no começo da noite atravessamos a grande represa em um trajeto de pouco mais de trinta minutos.

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                        Nesse momento não fotografei, já era noite e deixaria esta atividade para o retorno. Do outro lado descemos em um lugarejo denominado Porto Novo, e seguimos por mais uns dezoito quilômetros até o centro de Morada Nova de Minas.

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                        Assim que entramos na cidade e atravessamos o centro seguimos para nossa pousada que fica do outro lado em area rural, Pousada das Buganvílias onde fomos muito bem recebidos pelo proprietário César e sua esposa Núbia.

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                        Após nos instalarmos e tomar um banho, partimos para a praça central a fim de assistir a um show de uma banda famosa que iria tocar nesse carnaval de Morada.

                        No dia seguinte buscamos fazer um reconhecimento em toda cidade, fomos a praia publica, onde existe alguma estrutura, porem as águas da represa não mais encostam em sua área. 

morada nova

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 Passamos em seguida em um bar legal onde existe a sua frente uma pequena represa, local esse denominado de Lago Sul.

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                        Retornamos a pousada onde ficamos conversando com o casal anfitrião que nos contou diversas historias suas e da cidade, uma vez que César é de família da região, sendo ali terras de seus antecessores.

                        No dia seguinte decidimos tomar um banho na represa próximo a uma ponte, onde ficamos por algumas horas nos refrescando no local.

                        Na volta decidimos curtir um pouco a pousada do César onde sua esposa fritou um peixe delicioso acompanhado de uma gelada, e onde ficamos conversando por horas.

                        A cidade conta com dois bons restaurantes, a Varandas do Sandro onde tivemos a oportunidade de almoçar em um dia, e o restaurante Vandeko, que freqüentamos por algumas vezes, principalmente na noite.

                        Em nosso retorno a Brasília, tive a oportunidade de conhecer a grande represa, o pequeno povoamento de Porto Novo que possui dois hotéis um mais simples e outro mais confortável destinado a receber os amantes da pesca, ficamos de em outra oportunidade retornar para uma pescaria no local.

morada-nova

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                        Novamente subimos à balsa e ficamos observando a grande e límpida represa e vendo Porto Novo se afastar.

fonte: http://www.moradanova.mg.gov.br/

http://portaldmoto.com.br/

SÃO FRANCISCO, da Igreja de São José ao por do sol

(por: José Rodolpho Assenço)

                   São Francisco, cidade ribeirinha do norte de minas, é famosa pela beleza de seu por do sol — citado por Guimarães Rosa — e pela bela e imponente Igreja de São José.  Com uma população aproximada de sessenta mil habitantes é considerada uma grande e importante cidade dessa região mineira.

matriz de são josé

matriz de são josé

                   Em nossa viagem, alcançamos o rio São Francisco por volta das doze horas e havia rodado entre terra e asfalto 400 quilômetros, partindo de Brasília; restava atravessar o rio em si sobre balsa e percorrer uns sete quilômetros até a cidade.  Aguardávamos, no lado oposto da cidade, no barranco do rio, a chegada da balsa que, por motivos desconhecidos, demorou a retornar a essa margem, onde estávamos eu e Nayara.

                   Chegada a balsa, não tardamos a estacionar sobre ela e descer para tirar algumas fotos do Velho Chico, enquanto fazíamos a travessia.  Tratava-se de uma balsa simples e que, por causa das estradas de terra, encontrava-se bastante enlameadas. 

balsa em são francisco minas gerais

balsa em são francisco minas gerais

                   Alcançando o lado da cidade, rapidamente partimos em busca de almoço, pois havíamos acordado muito cedo e se aproximava das duas da tarde.  Chegamos ao centro e logo avistamos um belo restaurante suspenso, uma torre sobre o rio, construído acima de suas pedras que nos proporcionou, além do almoço, um visual da orla da cidade com a Matriz de São José ao fundo.

orla e porto de são francisco

orla e porto de são francisco

                   Conta a história que, por volta de 1690, havia algumas quadrilhas de assaltantes no rio São Francisco; devido a isso, as autoridades à época enviaram algumas bandeiras para combatê-las. Esses bandidos se refugiavam nas aldeias dos índios e, a partir de então, aconteceu um grande genocídio desses silvícolas promovido por diversas bandeiras, entre elas a de Domingos do Prado e Oliveira.

                   Domingos do Prado era bandeirante paulista. Em 1702, estabeleceu-se na fazenda Pedras de Cima, “nome este dado em referência a Maria da Cruz, que se chamava Pedras de Baixo”. A partir desse estabelecimento, deu-se início a povoação e a criação do povoado de Pedras de Cima, posteriormente mudando de nome para Pedras do Anjico, São Francisco das Pedras até São Francisco.

                   São Francisco de muitas histórias, povo tranquilo, atencioso, porém de muita superstição e lendas que são contadas através de gerações.

                   Tive a oportunidade de conhecer uma delas que se refere ao: “Sono do Rio”. Dizem que o rio São Francisco, por volta da meia noite,  tende a  calar suas águas, elas param de correr, seus peixes param de pular, corredeiras, redemoinhos tudo para.  E é nesse momento que o rio adormece por alguns minutos – uns quinze a vinte minutos -, e que, se alguém tiver navegando, pescando às margens ou embarcado, tem que parar tudo e aguardar o sono do rio.

                   Aqueles que não atendem ou incomodam o sono do rio tende a desaparecer ou sofrer amarguras diversas.  Recomenda-se que, no momento em que você estiver pescando no rio e perceber que tudo parou, pare o que está fazendo e fique quietinho na canoa até o rio acordar do sono.

igreja de são josé em são francisco

igreja de são josé em são francisco

                   Voltando ao restaurante em que estávamos e de onde tiramos foto do porto do muro em pedra e da igreja ao fundo, matamos nossa fome que um almoço bem farto; depois de um café, seguimos de retorno ao centro da cidade onde estacionamos próximo à Igreja de São José, para iniciar uma caminhada conhecendo e fotografando a cidade do por do sol do São Francisco.

são francisco

são francisco

                   Infelizmente, não tivemos acesso a seu interior, onde dizem ter uma belíssima imagem de São José, porém, circulamos todo o prédio realizando inúmeras fotos.

observatório do por do sol

observatório do por do sol

                   À sua frente, um monumento que consiste em uma cruz sobre um altar que é conhecido por todos como o ponto de observação do por do sol, exatamente em frente à matriz e de frente para o Rio São Francisco.

praça em são francisco

praça em são francisco

                   Após tirarmos fotos da igreja, seguimos fotografando a praça ao seu largo e caminhamos por algumas ruas do centro registrando os casarões remanescentes.

casa em são francisco mg

casa em são francisco mg

                   Existe um local onde são realizadas as festividades, em especial as festas de santo, conhecido como o cimentão.

cemitério em são francisco

cemitério em são francisco

                   Após concluir a visita ao centro e assim que nos dirigíamos pela avenida principal, ou comercial da cidade, já próximo da saída, percebemos o antigo cemitério, e não contive minha curiosidade, parei para fotografar seu pórtico do inicio do século passado.

cemitério

cemitério

                   Finalizada as fotos, prosseguimos nossa viagem para outro destino.