Arquivo da tag: marechal deodoro

Praia do Francês

(por: José Rodolpho Assenço)

                        A Praia do Francês talvez seja a mais badalada do litoral Alagoano e, sem dúvida, uma das mais bonitas do país, segundo revistas especializadas em turismo, porém esconde histórias perdidas no tempo e desconhecidas por quase todos os turistas, histórias que começam ainda na metade do século XVI.

                        Em 1555, consta que os Franceses ali desembarcaram e estabeleceram um primeiro núcleo urbano, provavelmente o primeiro em todo o nordeste. Esses invasores criaram ali um pequeno povoado e utilizavam-se da grande barreira de coral — proteção natural para embarcações — como porto, tudo isso com a finalidade de, por intermédio desse local, embarcar o Pau Brasil, que era muito utilizado na Europa, não somente como madeira, mas também para dele se retirar extratos utilizados em tinturaria.

barreira_coral vista_da_praia

                        Esse povoado existiu mesmo anterior às capitanias hereditárias. Relata sua história que, com a invasão holandesa, em 1633, a entrada nas terras alagoanas ocorreu pelo Porto do Francês, incidente que resultou na queima de diversas embarcações e saques na vila.

vila_do_francês

                        Serviu também o Porto do Francês, no período colonial, para embarque de pessoas e mercadorias de toda Província e, em especial, da capital Villa de Madalena do Sul (Marechal Deodoro); foi também ponto importante para o desembarque de escravos que vinham para trabalhar nas lavouras da região.

porto_do_frances

                        Conta-se que, por volta de 1869, naufragou uma Escuna Alemã que fazia comércio de escravos, e dizem que os nativos que, quando a maré está bem baixa, ainda hoje, é possível ver os canhões desse antigo navio.

praia_do_francês

                        Existe ainda, na vila, as ruínas de um velho hospital, conhecido como leprosário, informação essa, no entanto, que não parece verdadeira, uma vez que as referidas ruínas são de um grande hospital construído em 1855 pelo então Governador da Província, com a finalidade de tentar conter um surto de cólera.

surf_no_francês

                        Consta que, por muitos anos, comemorava-se, na vila do Francês, o Dia da Hora, que era uma homenagem a Jesus Cristo e ocorria toda quinta-feira santa, dia em que os pescadores saiam para seu ofício. Nessas ocasiões, todo o pescado trazido era cedido à população local. E o interessante era que a pescaria realizada nesse dia era sempre bem farta.

vista_de_maceió_ao_fundo vista_da_praia_do_frances

                        Na visita que fiz, escolhi uma segunda-feira para ir à Praia do Francês. Saí bem cedo para fazer algumas fotos, por saber que esse praia, devido a sua beleza, comodidade e proximidade, conta, nos finais de semana e feriados, com grande quantidade de barracas na orla, além de atrair diversos ônibus vindos dos mais variados lugares, tornando o local quase que intransitável nessas ocasiões. Um sufoco, portanto, para quem pretende pegar uma praia nesses dias.

vista_da_orla barracas_da_orla

                        Consegui boas imagens da Praia, da barreira de coral e da entrada de sua estreita barra, esta possivelmente a quem protegia as embarcações de outrora.

barreira_de_coral praia_frances

(Referencia histórica e bibliográfica: HELENO, Sebastião – Ecos Ecos Ecos Deodorenses)

Ilha de Santa Rita

(por: José Rodolpho Assenço)

                         A belíssima Ilha de Santa Rita encontra-se a pouco mais de dez quilômetros do centro de Maceió, ao sul, bastando apenas atravessar a Ponte Edivaldo Suruagi para se chegar a essa maravilha.

                        Trata-se, na verdade, de um complexo estuário lagunar, provavelmente o mais importante do Brasil, dividido pelas lagoas de Mundaú e de Manguaba, com diversas ilhas canais e muitas atrações. É, reconhecidamente, a maior ilha lacustre do país, com um total de 1.260 hectares, abrigando diversos povoados, como Siriba, Santa Rita, Barra Nova e outros.

canal canal_de_mangaba

                        O local é hoje uma APA — Área de Preservação Ambiental, tendo em vista a sua diversidade de fauna e flora, porém, não vem sendo efetivamente tratado da forma como deveria. A construção de mansões, casas em suas margens, a pesca predatória e o aterro dos manguezais são os principais riscos desse ecossistema.

casas_em_mangaba casa_em_mundaú

                        Há diversos restaurantes e bares em seus canais, tornando-os, talvez, uma forma de turismo sustentável da região, pois não ameaçam esse paraíso.

pescador_em_mundaú

                        Em nossa visita, partimos pelo lado sul da ilha, entrando pelo pequeno povoado de Massagueira de Cima, onde, por estreitas ruas,    chegamos a um belíssimo canal com diversos restaurantes as suas margens.  Escolhemos, então, o nosso, que já havia sido previamente indicado por parentes. Sentamo-nos à mesa e escolhemos, para o almoço, uma fritada de camarão, que é um tipo de omelete bem temperado com cebola, pimentão e muito camarão grande. Aproveitamos aquele momento para realizar também algumas fotos do canal de Mangaba.

restaurante_em_mangaba restaurantes_no_canal_de_mangaba

                        No dia seguinte, logo cedo, partimos por uma estrada de terra até um descampado com alguns poucos coqueiros nas margens do canal de Mundaú.

                        Assim que estacionamos nosso veículo, percebemos que saia da outra margem, uma embarcação tocada por uma Rabeta (um tipo de motor de popa, artesanal, que é montado aproveitando motor estacionário, como os utilizados em geradores e moenda de caldo de cana). Decidimos, então, seguir para essa margem, especificamente para o local chamado de Bar do Joel.

bar_do_joel

                        Nesse local, com mesas dentro da água e ao sol, saboreamos uma excelente carne de sol e, em seguida, um vinagrete de polvo.

lancha_em_mundaú mangaba

                        Algumas poucas lanchas de passeio e inúmeros pescadores tomavam o visual em determinados momentos.