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Marechal Deodoro

(por: José Rodolpho Assenço)

                         A cidade de Marechal Deodoro, antiga sesmaria de Santa Maria Madalena de Sumaúma, foi a primeira capital de Alagoas, porém, mais que isso, foi berço de toda colonização da região e formação da Capitania de Alagoas.

                        Saímos de Maceió no intuito de registrar algumas fotos da antiga capital, no período da tarde. Mesmo tendo visitado Marechal Deodoro, pelo menos duas vezes, não me lembro de haver colhido bons registros fotográficos da cidade naquelas oportunidades, uma vez que, nessas ocasiões, desfrutava de temporada de praia e, por isso, não me ative muito a registros históricos e a belezas das colônias.

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                        Seguimos, então, para o sul de Maceió. Virando no entroncamento com a famosa Praia do Francês, entramos à direita em direção à cidade mencionada. Logo na sua entrada, deparamo-nos com uma grande surpresa, uma bela igreja e uma grande praça com poucas casas coloniais.

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                        Logo que seguimos para a Igreja, avistamos a primeira e antiga Igreja do Senhor do Bonfim, bem conservada e funcionando; estava aberta e algumas poucas pessoas se preparando para uma missa. Notamos, naquela oportunidade, que a grande praça e as casas a seu redor pertenciam a Taperaguá, bairro onde inicialmente a cidade se formou, e que, por sua condição pantanosa próxima ao rio Sumaúma, não oferecia segurança, era insalubre, além de sofrer por alguns momentos enchentes do rio.

                      Tal situação provocou a mudança da cidade para uma pequena colina distante a um quilômetro, aproximadamente, do local e onde hoje estão seus maiores patrimônios.

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                       Após algumas poucas fotos do local, seguimos para a cidade. Observamos diversos casarões, alguns com dois pavimentos, casas que simbolizavam, de forma contundente, os diversos séculos de existência da cidade. 

                      Por ruas estreitas, passamos por diversas Igrejas que compõem o conjunto arquitetônico e histórico de Marechal Deodoro, chegando à casa onde nasceu o Marechal Deodoro da Fonseca, o Generalíssimo. Em tal edificação, viveu também seu pai, Manuel Mendes, e sua mãe, dona Rosa Fonseca. Sabe-se, por fim, que o Marechal viveu nessa casa até os dezesseis anos de idade com seus irmãos.

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                       A casa, hoje um museu, conta com objetos pessoais do Generalíssimo, conjunto de jantar, mesas, cadeiras, cristaleira, camas, e em homenagem ao casal genitor, uma estátua de dona Rosa Fonseca, com as lápides de seu sepulcro, registrando vida e morte dela.

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                      Em seguida, prosseguimos até o Palácio Provincial, comprado em 1836, no intuito de ser adaptado para ser o Palácio da Presidência da Província, com varandas trazidas da Bahia, com mais de sete palmos.

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                         O Palácio serviu de sede do governo até 1839, quando da mudança da capital para Maceió. Serviu ainda para hospedar a família imperial em 1860, quando da visita àquela província.

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                        Por fim, o Palácio foi adquirido pela prefeitura de Marechal Deodoro para ali instalar a sua sede.

                       Ainda tivemos a oportunidade de visitar rapidamente a Casa de Câmara e Cadeia, construção imponente, datada de 1850, próxima à praça da Matriz. Trata-se de um prédio com dois pavimentos e possui diversas janelas superiores e diversas grades no pavimento inferior. Foi construído na parte mais alta da cidade, uma estratégia de defesa.

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                       Prosseguimos o nosso passeio pelas diversas praças e conversamos com algumas pessoas que nos contaram diversas histórias sobre casas, casarões e até sobre fantasmas.

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                        Sabe-se que fatos importantes aconteceram, como as invasões holandesas que, em 1633, incendiaram a antiga Igreja Matriz e as casas da vila, o que resultou em muitas mortes. Porém, em 1635, o donatário da então capitania hereditária, reconstruiu parte da cidade e fez diversas fortificações.

                      Depois de muitas ladeiras, resolvemos descansar em um barzinho da orla da cidade, que é banhada pela imensa lagoa de Mangaba, local esse que foi há pouco revitalizado pela prefeitura. Destacamos também os diversos quiosques bem estruturados e o calçadão ali existentes, mais uma grata surpresa.

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                          Conhecemos o Sr. Fernando, proprietário da Pizzaria La Mama. Naquele ocasião, ele conversava em, sua mesa, com a filha do ex-prefeito da cidade, jovem que, gentilmente, nos presenteou com alguns livros sobre a história local.

 (Referencia histórica e bibliográfica: HELENO, Sebastião, Ecos Ecos Ecos Deodorenses) 

Praia do Francês

(por: José Rodolpho Assenço)

                        A Praia do Francês talvez seja a mais badalada do litoral Alagoano e, sem dúvida, uma das mais bonitas do país, segundo revistas especializadas em turismo, porém esconde histórias perdidas no tempo e desconhecidas por quase todos os turistas, histórias que começam ainda na metade do século XVI.

                        Em 1555, consta que os Franceses ali desembarcaram e estabeleceram um primeiro núcleo urbano, provavelmente o primeiro em todo o nordeste. Esses invasores criaram ali um pequeno povoado e utilizavam-se da grande barreira de coral — proteção natural para embarcações — como porto, tudo isso com a finalidade de, por intermédio desse local, embarcar o Pau Brasil, que era muito utilizado na Europa, não somente como madeira, mas também para dele se retirar extratos utilizados em tinturaria.

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                        Esse povoado existiu mesmo anterior às capitanias hereditárias. Relata sua história que, com a invasão holandesa, em 1633, a entrada nas terras alagoanas ocorreu pelo Porto do Francês, incidente que resultou na queima de diversas embarcações e saques na vila.

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                        Serviu também o Porto do Francês, no período colonial, para embarque de pessoas e mercadorias de toda Província e, em especial, da capital Villa de Madalena do Sul (Marechal Deodoro); foi também ponto importante para o desembarque de escravos que vinham para trabalhar nas lavouras da região.

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                        Conta-se que, por volta de 1869, naufragou uma Escuna Alemã que fazia comércio de escravos, e dizem que os nativos que, quando a maré está bem baixa, ainda hoje, é possível ver os canhões desse antigo navio.

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                        Existe ainda, na vila, as ruínas de um velho hospital, conhecido como leprosário, informação essa, no entanto, que não parece verdadeira, uma vez que as referidas ruínas são de um grande hospital construído em 1855 pelo então Governador da Província, com a finalidade de tentar conter um surto de cólera.

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                        Consta que, por muitos anos, comemorava-se, na vila do Francês, o Dia da Hora, que era uma homenagem a Jesus Cristo e ocorria toda quinta-feira santa, dia em que os pescadores saiam para seu ofício. Nessas ocasiões, todo o pescado trazido era cedido à população local. E o interessante era que a pescaria realizada nesse dia era sempre bem farta.

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                        Na visita que fiz, escolhi uma segunda-feira para ir à Praia do Francês. Saí bem cedo para fazer algumas fotos, por saber que esse praia, devido a sua beleza, comodidade e proximidade, conta, nos finais de semana e feriados, com grande quantidade de barracas na orla, além de atrair diversos ônibus vindos dos mais variados lugares, tornando o local quase que intransitável nessas ocasiões. Um sufoco, portanto, para quem pretende pegar uma praia nesses dias.

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                        Consegui boas imagens da Praia, da barreira de coral e da entrada de sua estreita barra, esta possivelmente a quem protegia as embarcações de outrora.

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(Referencia histórica e bibliográfica: HELENO, Sebastião – Ecos Ecos Ecos Deodorenses)