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Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Sabará

(por: José Rodolpho Assenço)

                        A Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Sabará, Minas Gerais, conhecida simplesmente por Igreja do Carmo, despertou-me grande interesse em conhecê-la, em especial por ter tantas obras, além dos próprios entalhes de Altar e paredes atribuídos ao mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

igreja_de_nossa_senhora_do_carmo

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                        Quando de minha última passagem por Minas, ainda no começo deste ano de 2015, questionei a todos que me acompanhavam sobre a possibilidade de uma rápida visita a Sabará, no intuito de conhecer algumas Igrejas e produzir fotos dessa bela cidade histórica.

rua_em_sabará

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                        Tal interesse foi alimentado pela pesquisa histórica que venho realizando sobre a colonização do sertão no Noroeste de Minas e Goiás e por saber que Sabará, através do Rio das Velhas, foi ponto de partida para se atingir o São Francisco e as regiões mineradoras do sertão.

                        Nessa toada, levando em conta ainda a escassez de tempo que tinha para um passeio mais distante, obtive a aprovação de todos que estavam comigo, em especial de Ana Paula, que há alguns anos vem me acompanhando na realização dessas viagens a sítios históricos.

                        Assim, logo que entramos em Sabará, passamos por outros monumentos, mas buscamos a bela Igreja do Carmo, onde existe também um cemitério de mesmo nome.

igreja_do_carmo

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                        Sua construção se deve à Ordem Terceira do Carmo e teve seu início em 1763. Os pilares das torres e os vãos entalhados contaram com o toque do mestre Aleijadinho, e são dele, também, os trabalhos de escultura dos púlpitos e balaústres, bem como os das imagens de São Simão e de São João da Cruz e todas as demais estátuas e ornamentos em pedra sabão, o que provavelmente foi executado em 1779.

                        Possui a citada Igreja, formato retangular, duas grandes torres com estruturas em pedra.

                        O teto da nave conta com uma bela pintura que faz composição com o altar-mor.

nave_e_teto_da_igreja_de_nossa_senhora_do_carmo

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                        Assim que chegamos à lateral da Igreja, em um salão comprido, provavelmente um escritório da sala paroquial, e onde se guarda toda a documentação e os registros históricos, fomos recebidos por um senhor idoso, que nos atendeu com muita atenção e carinho.  No entanto, ele me informou que era proibido fotografar dentro do templo.

                        Questionei tal fato, mostrando-lhe minha máquina fotográfica e informando que não teria nenhum risco, de vez que não usaria flash — o que poderia provocar a deterioração das obras. Aleguei também que tais obras estavam amplamente divulgadas na internet, o que tornaria minhas fotos inofensivas no tocante à identificação de raridades.

altar_mor_da_igreja_do_carmo

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                        Consegui pouquíssimos minutos dentro da nave e, para tentar retratar esse belo templo, busquei o altar principal e, na sequência, algumas estátuas atribuídas ao Aleijadinho.

obra_de_aleijadinho

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                        O tempo de minha permanência com a máquina fotográfica no interior da Igreja foi, porém, interrompido com a chegada de alguns grupos de turistas e guias, tendo estes me questionado pelo fato de portar tal máquina fotográfica naquele recinto. Devido a isso, fiquei impossibilitado de registrar todas as obras e alguns cômodos da Igreja.

lateral_da_igreja_do_carmo_em_sabará

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                        Assim que saímos, atravessamos a rua em pedra e, após um calçamento de pedras redondas,

calçamento_no_cemitério_do_carmo

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atingimos o muro do cemitério, onde pude, ainda, registrar o interior daquele lugar.

cemitério_do_carmo_em_sabará

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                        Rapidamente, finalizamos nossa visita à bela Igreja do Carmo, com a ideia de retornar àquele local, em breve.

MEIA PONTE, o Arraial que deu certo

(por: José Rodolpho Assenço)

                       Registros e segredos de Meia Ponte, hoje Pirenópolis, nos levam a compreender os motivos de seu sucesso e da conservação de seu patrimônio material, hoje de relevante importância para a história do período colonial e a do Brasil Império em Goiás.

matriz_do_rosário

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                        Voltando às primeiras bandeiras de Bartolomeu Bueno e à criação de Vila Boa (Goiás) e de arraiais circunvizinhos(1723), no ano de 1727, ou seja, há apenas quatro anos após a descoberta de ouro pelo referido Bandeirante, Amaro Leite, amigo e colega de bandeira do Anhanguera, relatou a existência de ouro às margens do Rio das Almas, bem como nos córregos adjacentes. Com essa informação, o minerador português Manoel Rodrigues Tomaz seguiu em busca dessas localidades, alcançando tal região em 1729, onde, em um local de um vale muito fértil e aprazível, às margens do referido rio, fundou o Arraial de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte.

rio_das_almas

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                        O nome Meia Ponte vem da existência de algumas grandes pedras no local do rio que pareciam querer atravessá-lo, assemelhando-se a uma ponte construída pela metade.

matriz_de_nossa_senhora_do_rosário

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                        Nesse mesmo ano, iniciou-se a construção de uma grande Igreja, a atual Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, em um outeiro de forma a acompanhar toda a cidade a seus pés.

igreja_do_rosario

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Outras Igrejas também foram construídas, acompanhando o crescimento do arraial, como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Igreja essa que veio a ruir, tendo sido construída, em seu local, uma bela praça, hoje praça do Coreto. A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, bem próxima ao Rio e à Ponte,

igreja_de_nossa_senhora_do_carmo

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e à Igreja do Bonfim, na outra extremidade do arraial.

igreja_bomfim

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                        O ouro de aluvião do rio e de seus riachos afluentes logo começaram a exaurir. Por volta de 1740, já não atraia mais tantos garimpeiros e mineradores, porém o Arraial, por estar em local muito fértil e com água abundante, ao contrário dos demais arraiais de Goiás no período colonial, teve início uma produção agrícola que, em poucos anos, veio a abastecer os demais auríferos da região. Na decadência do garimpo, vale citar que diversos arraiais foram extintos e abandonados, assim que o precioso metal desapareceu.

casas_em_pirenopolis

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                        Nesse contexto de produtor agrícola e por estar em entroncamento com a estrada real, que seguia para Vila Boa, e a estrada Geral dos Sertões, que segue no sentido da Bahia, Meia Ponte conseguiu, diferentemente dos demais arraiais, manter uma sociedade mais unida pela diversidade de produtos e gêneros, o que, por muitos anos, veio a produzir efeitos conservadores, tanto do lado social, como no da conservação de casas e monumentos. É verdade que de um total de quarenta comunidades que nasceram ao redor do ouro, somente a capital Vila Boa, Natividade e Meia Ponte sobreviveram ou permaneceram de alguma forma intacta à decadência da produção do metal.

igreja_do_carmo

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                        A sobrevivência dessa comunidade e seu isolamento provocaram diversas manifestações culturais e artísticas que resistem até os dias de hoje.

sobrado

sobrado

                        Novos ciclos de crescimento e riqueza vieram logicamente com a construção de Brasília. Lembro-me dos relatos do botânico responsável pela implantação das piscinas do parque nacional de Brasília, época em que foram utilizadas, vindas daquela região, pedras argilosas para a construção de piscinas e calçamentos, culminando com a comercialização desse produto, principalmente para residências nas décadas de 70 e 80. E, assim, aquela cidade viveu outro importante momento de riqueza. 

igreja_do_bomfim

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                        Em meados dos anos 80, ambientalistas e comunidades alternativas buscaram Pirenópolis — terra de inigualável flora e belíssimas cachoeiras — para restabelecer suas energias. Muitos mudaram para aquela localidade, e com eles surgiram os primeiros bares, restaurantes, cafés nessa encantadora e tão acolhedora cidade histórica.

casa_do_seculo_XVIII

casa_do_seculo_XVIII

                        Hoje Pirenópolis é a principal atração turística na região devido às suas atrações naturais e às diversidades de pousadas de altíssimo luxo, bares e restaurantes para todos os gostos, proporcionando lazer em pleno sertão goiano. 

                        Pode-se inclusive observar atualmente, nos finais de semana, a procura daquela cidade por turistas estrangeiros.