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MONTE DO CARMO – 275 anos de histórias e lutas

(por: José Rodolpho Assenço)

                   Monte do Carmo, antigo Arraial de Nossa Senhora do Carmo, possui uma história rica em lutas e disputas entre mineradores, bandeirante e os Índios Xerentes.  Uma das minas de maior produção de ouro aluvião da então capitânia de Goiás e que mereceu atenção especial do Rei de Portugal.

                   Tive a oportunidade de visitar o Monte do Carmo neste ano, acompanhado de meu primo Ruy, em nossa estada ao estado do Tocantins, quando da realização de outros eventos.

monte do carmo

monte do carmo

                   Na verdade, já havia estado de passagem por Monte do Carmo acompanhado do fotografo Cleber alguns anos atrás, no intuito de seguir para o Jalapão, momento esse em que a prioridade não era de conhecer o pequeno município.

                   Passamos, naquele momento, por Monte do Carmo e até avistamos a Matriz ao longe, mas, como havia dito, nossa prioridade era atingir Ponte Alta do Tocantins e nos hospedar para seguir no próximo dia ao deserto.

                   O Arraial de Nossa Senhora do Carmo foi fundado em 1741 pelo minerador português Manoel de Souza Ferreira e acompanhado de diversos outros mineradores portugueses e escravos, tão logo encontraram grande quantidade de ouro no córrego Matança.

casa em monte do carmo

casa em monte do carmo

                   Observa-se que os mineradores portugueses fundaram grande parte dos arraiais ao norte de Goiás, talvez em respeito ao tratado de Tordesilhas, pois ainda não havia uma decisão definitiva das terras a oeste desse ocupadas pelos bandeirantes paulistas.

                   O arraial se situava em um suave outeiro entre este córrego e o Sucuri, contornando praticamente toda a cidade.  Por sua vez, o córrego Matança tinha esse nome devido à grande quantidade de garimpeiros mortos pelos índios no local, hoje se chama Água Suja, talvez pela grande movimentação da mineração acontecida ao longo dos anos.

                   Toda a região próxima ao rio Tocantins era habitada pelos índios Xerentes, que não aceitavam a presença de invasores em sua região.  Esses índios bravios já haviam atacado em outros arraiais do Tocantins uma luta por sua vez que se estendeu por um século.

                   O Carmo erra insistentemente atacada pelos Xerentes e em uma ocasião levou a morde de grande parte de sua pequena população, diante dos acontecimentos, a Coroa Portuguesa enviou para o arraial o Padre José Faustino da Gama com aproximadamente mil escravos.

                   Duas Igrejas foram construídas inicialmente no sopé da serra, estando essas em ruínas ou completamente sem vestígios, porém, no ano de 1801, foi construída a Matriz de Nossa Senhora do Carmo em uma praça central no topo do pequeno outeiro que persiste até os dias de hoje.

                    Em nossa visita a Monte do Carmo, assim que chegamos a cidade, buscamos imediatamente a praça da Igreja Matriz, no intuito de registrar esse importante arraial do ciclo do ouro que compunha com Natividade, Arraias e  Pontal as principais minas da Comarca do Norte de Goiás.

matriz de nossa senhora do carmo

matriz de nossa senhora do carmo

                   Logo que chegamos à praça, estacionamos o carro de forma a não atrapalhar nossas fotos da citada Matriz, que conta com uma cruz muito antiga em madeira pouco mais a sua frente sendo uma construção, embora grande, muito simples, sem torre com os sinos sustentados em estacas do seu lado direito.

                   Achei por bem fotografar os sinos antigos em bronze e circulei por toda a velha matriz.

nave da matriz do carmo

nave da matriz do carmo

                   Em seguida, adentramos na Igreja com uma nave grande e simples, um altar principal, produzido com madeira envernizada (recente),

altar principal

altar principal

e ao lado direito de quem entra, a ela estava sim o antigo altar, e algumas imagens nos pareceu estar a espera de restauração ou pintura.

antigo altar do carmo

antigo altar do carmo

                   Seguimos para a sala de sacristia, que hoje está destinada a orações, onde um grande tronco de árvore sustenta imagens nesse local, estava junta aos bancos uma senhora que me aparentou ter bastante idade rezando silenciosamente.

sala de oraçoes

sala de oraçoes

                   No corredor na outra lateral da Igreja, observamos duas escadas — uma que dá acesso a um mezanino em madeira no fundo da Igreja, destinado à pequena orquestra ou banda que toca as músicas que acompanham as missas.

pedra batismal da matriz de nossa senhora do carmo

pedra batismal da matriz de nossa senhora do carmo

                   A escada dianteira leva a um balaustre no meio da Igreja que era muito comum destinada a um violino, ou ainda quando a palavra do padre necessitava de ser feita em alto tom próximo aos fieis.

                   Concluídas as Igrejas, seguimos buscando fotografar algumas poucas casas existentes, e que hoje já estão parcialmente reconfiguradas e que nos remetem aos séculos XVIII e XIX.

casa antiga em monte do carmo

casa antiga em monte do carmo

                   No outro lado da praça após o local onde estacionamos o carro, existe um prosseguimento desta com um grande colégio em seu lado oposto á entrada com pequeno e belo coreto, contando ainda com um ajardinamento e bancos bem interessante.

coreto de monte do carmo

coreto de monte do carmo

                   Nesse momento, segui a curiosidade e a sensibilidade do Ruy em fotografá-lo e em especial suas janelas com interessantes detalhes e tudo muito bem conservado.

detalhes janela do coreto

detalhes janela do coreto

                   Após todos os conjuntos, caminhamos rapidamente observando a rua principal da cidade ou rua comercial que estava tomada de manifestações e bandeiras relativas às eleições municipais que se antecediam.

                   Contentes com a aventura no antigo arraial, finalizamos nossa estada retornando ao veículo e seguindo de volta à capital.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Sabará

(por: José Rodolpho Assenço)

                        A Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Sabará, Minas Gerais, conhecida simplesmente por Igreja do Carmo, despertou-me grande interesse em conhecê-la, em especial por ter tantas obras, além dos próprios entalhes de Altar e paredes atribuídos ao mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

igreja_de_nossa_senhora_do_carmo

igreja_de_nossa_senhora_do_carmo

 

                        Quando de minha última passagem por Minas, ainda no começo deste ano de 2015, questionei a todos que me acompanhavam sobre a possibilidade de uma rápida visita a Sabará, no intuito de conhecer algumas Igrejas e produzir fotos dessa bela cidade histórica.

rua_em_sabará

rua_em_sabará

 

                        Tal interesse foi alimentado pela pesquisa histórica que venho realizando sobre a colonização do sertão no Noroeste de Minas e Goiás e por saber que Sabará, através do Rio das Velhas, foi ponto de partida para se atingir o São Francisco e as regiões mineradoras do sertão.

                        Nessa toada, levando em conta ainda a escassez de tempo que tinha para um passeio mais distante, obtive a aprovação de todos que estavam comigo, em especial de Ana Paula, que há alguns anos vem me acompanhando na realização dessas viagens a sítios históricos.

                        Assim, logo que entramos em Sabará, passamos por outros monumentos, mas buscamos a bela Igreja do Carmo, onde existe também um cemitério de mesmo nome.

igreja_do_carmo

igreja_do_carmo

 

                        Sua construção se deve à Ordem Terceira do Carmo e teve seu início em 1763. Os pilares das torres e os vãos entalhados contaram com o toque do mestre Aleijadinho, e são dele, também, os trabalhos de escultura dos púlpitos e balaústres, bem como os das imagens de São Simão e de São João da Cruz e todas as demais estátuas e ornamentos em pedra sabão, o que provavelmente foi executado em 1779.

                        Possui a citada Igreja, formato retangular, duas grandes torres com estruturas em pedra.

                        O teto da nave conta com uma bela pintura que faz composição com o altar-mor.

nave_e_teto_da_igreja_de_nossa_senhora_do_carmo

nave_e_teto_da_igreja_de_nossa_senhora_do_carmo

 

                        Assim que chegamos à lateral da Igreja, em um salão comprido, provavelmente um escritório da sala paroquial, e onde se guarda toda a documentação e os registros históricos, fomos recebidos por um senhor idoso, que nos atendeu com muita atenção e carinho.  No entanto, ele me informou que era proibido fotografar dentro do templo.

                        Questionei tal fato, mostrando-lhe minha máquina fotográfica e informando que não teria nenhum risco, de vez que não usaria flash — o que poderia provocar a deterioração das obras. Aleguei também que tais obras estavam amplamente divulgadas na internet, o que tornaria minhas fotos inofensivas no tocante à identificação de raridades.

altar_mor_da_igreja_do_carmo

altar_mor_da_igreja_do_carmo

 

                        Consegui pouquíssimos minutos dentro da nave e, para tentar retratar esse belo templo, busquei o altar principal e, na sequência, algumas estátuas atribuídas ao Aleijadinho.

obra_de_aleijadinho

obra_de_aleijadinho

 

                        O tempo de minha permanência com a máquina fotográfica no interior da Igreja foi, porém, interrompido com a chegada de alguns grupos de turistas e guias, tendo estes me questionado pelo fato de portar tal máquina fotográfica naquele recinto. Devido a isso, fiquei impossibilitado de registrar todas as obras e alguns cômodos da Igreja.

lateral_da_igreja_do_carmo_em_sabará

lateral_da_igreja_do_carmo_em_sabará

 

                        Assim que saímos, atravessamos a rua em pedra e, após um calçamento de pedras redondas,

calçamento_no_cemitério_do_carmo

calçamento_no_cemitério_do_carmo

 

atingimos o muro do cemitério, onde pude, ainda, registrar o interior daquele lugar.

cemitério_do_carmo_em_sabará

cemitério_do_carmo_em_sabará

 

                        Rapidamente, finalizamos nossa visita à bela Igreja do Carmo, com a ideia de retornar àquele local, em breve.