(por: José Rodolpho Assenço)
O Município mineiro de Chapada Gaúcha tem sua sede assentada sobre o Liso do Sussuarão, um grande platô sobre a Serra das Araras, em Minas, e sua pré-história está envolta a personagens de Guimarães Rosa: a história das jagunçadas e dos bandoleiros que ali se escondiam no início do século passado e, por fim, o relato da vinda de migrantes do Rio Grande do Sul em um projeto de assentamento rural.
Tivemos a oportunidade de conhecer a região, fomos eu e o fotógrafo Cleber. Visitamos esse rincão norte de minas, do qual já tínhamos conhecimento sobre diversos rios, grotões e, em especial, sobre o maior parque de cerrado, o Grande Sertão Veredas.
Partimos ainda pela manhã, seguindo ao norte de minas, passando pelo município de Arinos até atingir, a cem quilômetros desse a cidade, a Chapada Gaúcha.
Percebemos que havíamos chegado local ao nos depararmos com um gigantesco platô, região completamente plana de cerrado ralo.
Historicamente, o Liso era conhecido como um lugar sem nada, onde nenhum ser humano ali sobreviveria; sem água por léguas e léguas de distância, onde poucos conheciam sua passagem até atingir do outro lado o vale do Carinhanha.
Nesse cenário, o Liso tornou-se região de refúgio para os bandos de jagunços que assolaram o sertão, entre eles, Antonio Dó e Andalécio, descritos como os bandoleiros das barrancas do São Francisco.
Esse deserto permaneceu praticamente inexplorado por muitos anos, composto por uma região praticamente sem água, de terra arenosa e de vegetação rasteira.
Em 1976, o governo militar buscava a ocupação de regiões de terras devolutas e, para tanto criou o Projeto de Assentamento Dirigido à Serra das Araras (PADSA), que assentou inúmeras famílias gaúchas sobre o Liso e localidades circunvizinhas. Logo, a região prosperou o solo arenoso com as devidas e modernas correções do solo se tornaram produtivos, e uma vila de gaúchos se formou sobre o Sussuarão.
A Vila dos Gaúchos em 1994, tornou-se distrito de Chapada Gaúcha, pertencente ao município de São Francisco e, no ano seguinte, foi elevada a Município, tendo o Distrito de Serra das Araras, distrito histórico em suas terras.
Com aproximadamente onze mil habitantes, o município teve, e tem, um crescimento acelerado, oriundo da produção agrícola em especial da soja, milho e em sementes de capim. Por sorte, a região produz uma das melhores sementes de capim e é procurada por inúmeros pecuaristas para formação de pastagens.
Retornando a nossa visita, estava no final da tarde acompanhado de Nayara, do fotógrafo Cleber e de nosso guia, o Senhor Anderson Lopes Santana, conhecedor dos meandros do sertão da história de Guimarães Rosa e das veredas, que nos acompanharia a visita também, a outros passeios e partimos para o por do sol na beira desse tabuleiro no imenso Vão dos Buracos, local de onde tiramos inúmeras fotos.
Em Chapada Gaúcha, nos hospedamos em um bom e pequeno hotel na cidade e aproveitamos também para visitar a sua Igreja Matriz, logo próximo à entrada da cidade e próximo ao hotel.
Esse local está de frente de uma grande praça, a qual tem alguns bares, restaurante e a prefeitura ao fundo e onde acontece diversas atividades e eventos na pequena cidade, em especial no mês de julho, o Encontro dos Povos do Sertão.
Visitamos a sede do Parque Nacional do Grande Sertão Veredas, uma simpática casa, e onde fomos imensamente bem recebidos.
Tenho que registrar também que, em nossa estada na cidade, visitamos a casa de nosso guia Anderson, onde sua esposa e sogra nos atenderam com um excelente jantar.
Ao Final, fiz questão de visitar algumas das poucas ruas da cidade, registrando essa que tem um crescimento acelerado e onde consta ter uma das Cooperativas de Crédito mais eficientes do estado.