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PENEDO – uma joia no São Francisco

(por: José Rodolpho Assenço)

                   Penedo, cujo significado refere-se a uma grande pedra dentro do Rio São Francisco, representa uma joia, uma vitrine do barroco, patrimônio histórico nacional e berço da capitania hereditária de Pernambuco.

                   Retornava com a família, meus filhos e Valéria, após uma estada em Alagoas e buscávamos chegar a Aracaju.  Decidimos, de última hora, pegar a rodovia litorânea, que segue da capital até a foz do Rio São Francisco, e, em seguida, subir até Penedo, local onde atravessaríamos de balsa para Sergipe.

vista_de_penedo

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                   Esse local foi visitado por Valéria há alguns anos quando em suas férias pelo nordeste. Por ter achado o local muito bonito, insistiu que eu o visitasse, não só pela sua beleza, mas também devido à importância histórica e as monumentais Igrejas da cidade.  Diante disso, seguimos pelo litoral nessa empreita.

                   A criação de Penedo está envolvida em diversas incertezas no tocante a sua origem e fundação. Sabemos que, desde 1501, a região já havia sido visitada por Américo Vespúcio.  Em 1532, Duarte Coelho Pereira recebeu uma frota para afastar os franceses do litoral brasileiro e foi o primeiro donatário da Capitania de Pernambuco. Alguns registros contam que, em 1560, o segundo donatário Duarte Coelho Pereira de Albuquerque já teria encontrado, no local, um pequeno povoado há sete léguas da foz do rio, com o nome de Penedo do São Francisco.

                   Em 1636, esse aglomerado foi elevado à vila, com o nome de Vila de Penedo do São Francisco.

                   Em 1637, a vila foi invadida por Mauricio de Nassau, cujo domínio durou dez longos anos, e o nome dessa localidade passou a ser Maurícia.  Não obstante, ocorreu, na vila, um movimento revolucionário de nome Openeda no intuito de livrar as terras dos invasores holandeses, o que, por fim, aconteceu em 1645.

                   Nova invasão francesa se verificou em 1660, deixando para trás o belo Convento Igreja de Santa Maria dos Anjos, escolas de francês e filosofia.

                   A cidade recebeu, ainda, em 1859 sua Majestade Don Pedro II e foi sede do Governo Imperial por alguns dias. Já em 1889, recebeu o príncipe Gastão de Orleans e Bragança Conde D´eu.

                   Nessa data, também foi criada uma escola de práticas para o Magistério Público.

                   Penedo é, sem dúvida, com seu imenso patrimônio material, o maior centro da história e de arte barroca do estado de Alagoas.

igreja_de_nossa_senhora_do_rosario_dos_homens_pretos

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                   Retornando a nossa viagem, assim que chegamos a Penedo, atingimos uma primeira praça, onde se encontra a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.  Estacionei o veículo e iniciei um conjunto de fotos frontais e da nave dessa Igreja.

nave_da_igreja_do_rosario_dos_pretos

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                   Seguimos para uma segunda praça onde, à direita de quem desce, encontra-se a casa de câmara, a cadeia, hoje quartel; e,

camara_e_cadeia

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ao centro, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.

matriz_de_nossa_senhora_do_rosário

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Providenciei mais um conjunto de fotos dessa matriz e da praça, quando percebi que, seguindo a pé, logo abaixo, encontrava-se outra praça, em diagonal com outro monumento histórico ao fundo.

nave_da_igreja_matriz

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                   Nesse segundo espaço ao fundo, estava a bela Igreja de Nossa Senhora dos Anjos e seus anexos: convento e escola.

igreja_de_nossa_senhora_dos_anjos

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                   Prosseguimos até próximo ao cais, onde se encontra outra parte do centro histórico e onde pude parar e visitar a belíssima Igreja de Nossa Senhora da Corrente.

igreja_de_nossa_senhora_das_correntes

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                   Essa Igreja, em especial, deixou-me maravilhado, notadamente pelos numerosos afrescos e detalhes no entalhamento com pinturas em ouro.

interior_igreja_da_corrente

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                   Finalizamos nossa rápida estada nessa belíssima cidade deixando para trás, ainda para conhecer, inúmeros prédios e Igrejas. Porém, prometi a meus filhos outra estada mais prolongada em Penedo para conhecer, com mais profundidade, tanto a história como os demais casarões e prédios públicos.

porto_de_penedo

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                   Buscamos, por fim, a balsa. Atravessamos o Rio São Francisco e vimos esse belo patrimônio se distanciar.

TRÊS MARIAS, o Rio, a Represa e a Lenda

(por: José Rodolpho Assenço)

                       Três Marias, cidade mineira às margens do Rio São Francisco e banhada pela imensa represa de mesmo nome, esconde histórias intrigantes e possui uma beleza interiorana única.  Ressalte-se que sua represa, de grande proporção, banha inúmeros municípios da região central de Minas Gerais.

o_cerrado_e_a_represa_de_três_marias

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                        Diz uma lenda que, nos caminhos que cruzavam os sertões, nas proximidades da localidade de Barreiro Grande e às margens de uma cachoeira do rio, havia uma família que teria montado uma hospedaria para o descanso das caravanas e dos tropeiros. Após a morte dos pais, as três filhas, todas chamadas Marias, continuaram com a hospedaria naquele local. Devido a grande procura — todos tinham, obrigatoriamente, que parar, se hospedar ou se alimentar no referido lugar —, tal pousada ficou sendo chamado de “Hospedaria das Três Marias.

                        As jovens gostavam muito de nadar e ficavam horas e horas — ou dentro do rio ou tomando sol em uma das pedras próximas à pequena queda d’agua, onde elas relaxavam sempre ao final da tarde.  Porém, em determinado dia, uma forte enchente que rompeu das cabeceiras dos rios, desceu violentamente carregando árvores, plantações, barcos e tudo que estava à a sua margem.         As jovens até que tentaram se salvar, mas sem êxito, foram levadas pela correnteza, em redemoinho, para o fundo do rio.

pedras_de_três_marias

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                        Sabe-se, porém, que o pequeno povoamento de Barreiro Grande cresceu a partir de 1957 quando o então presidente Juscelino Kubitschek iniciou os trabalhos de construção da imensa represa e de sua usina hidroelétrica.

                       O objetivo era melhorar a navegabilidade do rio e a utilização do potencial hidrelétrico em um projeto, para a época, ambicioso, pois seria uma das maiores barragens do mundo, e sua operação aconteceu em janeiro de 1961.

                        Hoje, infelizmente, em segundo plano do cenário energético brasileiro, tanto pelo baixo volume de energia em proporção à imensa área inundada, como pelo fato de a construção não ter observado aspectos de desmatamento da área inundada, o que resultou na produção de gases CO2 em grande nível, semelhante ao de uma usina termoelétrica.

                        Em visita a essa região com meu amigo Humberto Neiva e meus dois filhos, decidimos conhecer o rio, a Usina e a Barragem de Três Marias.

são_francisco_em_três_marias

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                        Iniciamos nosso passeio pelo município vizinho de São Gonçalo do Abaeté — que possui um distrito, um arraial de pescadores e de pousadas bem à margem da rodovia — banhado pelo rio São Francisco, distante somente uns quatro quilômetros da cidade de Três Marias.  Paramos no local, em um restaurante do qual já havia estado com esse amigo seis anos passados.

barcos_e_a_ponte_do_são_francisco

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                        Procuramos alguns barqueiros e canoeiros da localidade e não demoramos a acertar um passeio até o pé da barragem e da Usina.

                        Passamos, inicialmente, pela ponte sobre o Rio São Francisco, ponte essa que, por inúmeras vezes, tanto de dia como também na madrugada, atravessei anos e anos sempre seguindo em direção ao Rio de Janeiro ou Belo Horizonte.   E ficamos a observá-la até o momento em que a perdemos de vista em uma curva do rio.

ponte_sob_o_rio_são_francisco

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                        Logo em seguida, percebemos que nos aproximávamos da represa, pois já era possível ver a imensa barreira de terra à frente. 

represa_de_três_marias

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Em seguida e após a próxima curva do rio, descortinou a usina hidroelétrica de Três Marias para onde nos dirigíamos, inicialmente, ao grande canal vertedouro, usado especialmente quando os níveis de água ultrapassam a capacidade de eliminação de suas turbinas produtoras de energia. 

vertedouro

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                      Ao chegarmos à usina, logo observamos uma sede em pavimento térreo com diversos escritórios e, a seu lado, a usina propriamente dita.      

usina_de_três_marias

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    Nosso barqueiro, José, aproximou a embarcação do paredão de concreto, a distancia tão pequena que poderíamos tocá-lo.  Mas evitei tal façanha e permaneci cuidando de meus filhos, pois as águas que passavam pela turbina subiam formando redemoinhos e, por alguns momentos, pareciam querer jogar a pequena embarcação contra o paredão. 

turbinas_da_usina

turbinas_da_usina

 

                        Naquela ocasião, fotografei inúmeras andorinhas que aproveitavam desse recuo no paredão de concreto para fazer seus ninhos ou simplesmente descansar.

andorinhas_na_represa

andorinhas_na_represa

 

                        Logo o barqueiro afastou um pouco para sair do turbilhonamento, o que me causou mais tranquilidade.

hidroelétrica_de_três_marias

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  Ele desligou o motor, e pudemos descer o rio por aproximadamente um quilômetro na correnteza, vendo toda a usina e a represa se distanciar.

usina_de_três_marias

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