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A Transpantaneira

(por: José Rodolpho Assenço)

                        A Rodovia Transpantaneira (MT-060) é uma obra inútil e inacabada, mas que se transformou na maior ecovia do país. Visitada e transitada frequentemente por inúmeros turistas estrangeiros, foi inicialmente concebida para ligar o sul e o norte, Cuiabá e Poconé a Campo Grande e Corumbá, no intuito de integrar o Mato Grosso, evitando, assim, a penetração internacional em áreas desabitadas ou de difícil acesso aos brasileiros. Após 150 quilômetros de estrada construída no sentido sul de Poconé, chegou-se, porém, à conclusão de que era mais um sonho, ou mais uma obra impossível, pois seu custo seria estratosférico e, assim, foi abandonado o projeto exatamente na divisa, em localidade chamada Porto Jofre, extremo sul de Mato Grosso.

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                        Essa obra, insensata e mal planejada, todavia, se tornou, a partir da década de 90, um dos maiores destinos de ecoturismo e de pesca do Brasil. 

                        Partindo de Poconé em uma larga estrada de terra, ao se percorrer aproximadamente uns 20 quilômetros, a paisagem muda repentinamente, entrando no Pantanal. Logo em seguida, encontra-se uma grande placa e um posto de fiscalização que, além de registrar o acesso à rodovia, demonstra aos viajantes que estão entrando em área de preservação ambiental.

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                        A estrada é um imenso aterro bem construído, elevado acima do pântano e das regiões alagadas por aproximadamente 2 a3 metros, e é também a campeã mundial em número de pontes por quilômetro rodado, perfazendo um total de 130 pontes, distribuídas entre seus 150 quilômetros de extensão. As pontes são, em sua quase totalidade, de madeira; algumas em péssimo estado de conservação, e são conhecidas na região como “corixos”.

                        Esses “corixos” têm uma importante função, pois permitem que as águas possam circular de um lado para o outro da rodovia quando da vazão no período da seca, sem prejudicar a própria rodovia.

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                        Em toda a extensão da Transpantaneira, diversos animais são avistados constantemente, o que, por diversas vezes, obriga o viajante a diminuir a velocidade do veículo no intuito de esperar a travessia de um jacaré, uma capivara ou um porco do mato. As inúmeras aves também compõem esse cenário.

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                        São tantos bichos que se observa em alguns momentos que temos a impressão de estar visitando algum parque temático ou um zoológico. É, sem dúvida, um local ideal para boas fotografias.

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                        Após rodar oitenta quilômetros de Poconé, o viajante alcança o Pixaim, minúscula localidade que contém um posto, restaurante, alguns hotéis ecológicos e de pescadores, e meia dúzia de casas. 

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                        No Pixaim, o número de jacarés é impressionante. Da murada da ponte ou de alguma pousada, pode-se alimentar esses imensos répteis com pedaços de pão, por exemplo. Em terra, também há grande número desses animais e não é difícil, em alguns momentos, ter de correr para escapar de alguns deles.

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                        Seguindo à Transpantaneira para Porto Jofre, a estrada apresenta momentos de má conservação, dificultando a passagem no período das águas.

Baías de Chacororé e Chá Mariana

(por : José Rodolpho Assenço)

A cerca de 200 quilômetros de Cuiabá no sentido sudeste, entrando no Pantanal do Mato Grosso, existe um lugar conhecido principalmente pelos pescadores e aqueles que buscam ecoturismo. Duas imensas baías: Chacororé e Chá Mariana. Suas águas se confundem com as do rio Cuiabá, que as liga por canais navegáveis.

 caminho no cuiaba 

A primeira impressiona pelo tamanho e pelo volume de água e é considerada o principal criadouro de jacarés, piranhas e demais peixes da região. Além de impactar pela sua imensidão, é visitada por pescadores que chegam de barcos e até utilizando-se de hidroavião. Suas águas amareladas e normalmente calmas trazem risco e morte quando, no período de chuvas e ventos fortes, surgem ondas que atingem dois metros de altura e provocam acidentes diversos, principalmente com pequenas voadoras de casco baixo que não conseguem navegar em tal situação. Algumas chalanas já afundaram ou tiveram dificuldades devido a essas condições.

chacororé 2

 

Em seu interior, existem pontos muito rasos em que se poderia desembarcar ou caminhar, porém não é recomendado devido à grande infestação de piranhas.

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Atravessando parte dessa baía e passando por mais um estreito canal, chegamos à Baia de Chá Mariana, nome que vem da forma do sertanejo mato-grossense falar “Senhora Mariana”. 

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Esta última é mais aprazível. Com águas escuras e calmas, tem um formato estreito com pequenos morrotes a sua volta; diversos ranchos de pesca, em sua encosta, e, à esquerda, um eco hotel que, por diversos anos, teria ficado fechado. Esse hotel foi construído em palafitas, como são, aliás, todas as construções naquela área.

 sia mariana 2

Destaca-se, como ponto obrigatório de visita, a pousada e restaurante do Sr. Marcos — com um bom ancoradouro — onde se pode saborear uma ventrecha de pacu, ou ainda uma boa mujica de pintado, sempre acompanhada de uma pinga da roça.

 sia mariana 3

Algumas boas casas vêm sendo construídas em palafitas à margem da baía de Chá Mariana, o que demonstra um crescente incremento do ecoturismo e da pesca esportiva.

 

Chá Mariana está mais próximo da civilização por terra e se aproxima do distrito de Mimoso, local do nascimento do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Esse distrito do município de Santo Antonio do Leverger possui boa ligação por terra à referida baía, no período de estiagem.

 

Em ambas as baías é possível ver diversas espécies de animais, aves de inúmeros tipos, em destaque para a grande quantidade de tuiuiús e garças. Inúmeros jacarés descansam em suas margens e principalmente nos canais que as ligam.

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Para se chegar as baías, o melhor caminho é por estrada asfaltada até Barão do Megaço, M.T, depois descendo o rio de voadeira por aproximadamente uma hora e meia.