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São Miguel dos Milagres

(por: José Rodolpho Assenço)

                       Saímos em direção norte do estado de Alagoas no intuito de buscar uma praia diferente em São Miguel dos Milagres. Além de meus filhos, tive a companhia do amigo Flávio e de sua família.

                        Sabia das belezas das praias dessa região. Assemelham-se muito às que tive a oportunidade de conhecer no Caribe.

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                        Partimos ainda cedo, pois pretendíamos alcançar a praia da bela cidade ainda pela manhã e aproveitar a maré baixa, momento de maior beleza.

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                        Ao chegarmos à cidade, aproveitamos logo a oportunidade para tirar algumas fotos da Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe do Povo. Depois, seguimos pela praça central e por algumas das poucas ruas da cidade. Logo percebemos que restam poucas casas de seu período histórico.

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                        Sabe-se que ali foi palco de importantes lutas entre as forças luso-espanholas e os holandeses, com destaque para batalha da Mata Redonda, e que o povoamento daquela cidade está intimamente ligado à invasão holandesa.

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                        Existe uma lenda que diz ser o nome dessa cidade advindo da descoberta de um artefato de madeira por um pescador que, após a limpeza desse objeto, teria descoberto que se tratava de uma estátua de São Miguel Arcanjo. Essa pessoa, acometida por uma ferida incurável, depois da limpeza da estátua, teria ficado curada, com a lesão completamente cicatrizada.

                        Consta que essa notícia correu a Província e diversos enfermos vieram a São Miguel em busca de cura.

                        Prosseguimos, então, nossa visita, seguindo imediatamente ao destino principal: a belíssima praia com água quente — que nos remete a um balneário termal — areia extremamente branca, fina, e mar azul. 

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                        Ressalte-se que a praia é quase deserta no sentido norte, restando somente algumas gaiolas de pesca de lagosta em suas palafitas como registro da presença do homem. Já para o lado do sul, encontram-se algumas embarcações de pesca e diversos banhistas desfrutando dessa rara beleza.

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                        Permanecemos por algumas horas aproveitando a tranquilidade daquele deslumbrante mar em momento de maré baixa, sem nos preocupar com a falta de infraestrutura das poucas barracas lá existentes. A beleza do local enche de alegria os olhos de qualquer um, causando sensação de bem-estar.

 

Praia do Francês

(por: José Rodolpho Assenço)

                        A Praia do Francês talvez seja a mais badalada do litoral Alagoano e, sem dúvida, uma das mais bonitas do país, segundo revistas especializadas em turismo, porém esconde histórias perdidas no tempo e desconhecidas por quase todos os turistas, histórias que começam ainda na metade do século XVI.

                        Em 1555, consta que os Franceses ali desembarcaram e estabeleceram um primeiro núcleo urbano, provavelmente o primeiro em todo o nordeste. Esses invasores criaram ali um pequeno povoado e utilizavam-se da grande barreira de coral — proteção natural para embarcações — como porto, tudo isso com a finalidade de, por intermédio desse local, embarcar o Pau Brasil, que era muito utilizado na Europa, não somente como madeira, mas também para dele se retirar extratos utilizados em tinturaria.

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                        Esse povoado existiu mesmo anterior às capitanias hereditárias. Relata sua história que, com a invasão holandesa, em 1633, a entrada nas terras alagoanas ocorreu pelo Porto do Francês, incidente que resultou na queima de diversas embarcações e saques na vila.

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                        Serviu também o Porto do Francês, no período colonial, para embarque de pessoas e mercadorias de toda Província e, em especial, da capital Villa de Madalena do Sul (Marechal Deodoro); foi também ponto importante para o desembarque de escravos que vinham para trabalhar nas lavouras da região.

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                        Conta-se que, por volta de 1869, naufragou uma Escuna Alemã que fazia comércio de escravos, e dizem que os nativos que, quando a maré está bem baixa, ainda hoje, é possível ver os canhões desse antigo navio.

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                        Existe ainda, na vila, as ruínas de um velho hospital, conhecido como leprosário, informação essa, no entanto, que não parece verdadeira, uma vez que as referidas ruínas são de um grande hospital construído em 1855 pelo então Governador da Província, com a finalidade de tentar conter um surto de cólera.

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                        Consta que, por muitos anos, comemorava-se, na vila do Francês, o Dia da Hora, que era uma homenagem a Jesus Cristo e ocorria toda quinta-feira santa, dia em que os pescadores saiam para seu ofício. Nessas ocasiões, todo o pescado trazido era cedido à população local. E o interessante era que a pescaria realizada nesse dia era sempre bem farta.

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                        Na visita que fiz, escolhi uma segunda-feira para ir à Praia do Francês. Saí bem cedo para fazer algumas fotos, por saber que esse praia, devido a sua beleza, comodidade e proximidade, conta, nos finais de semana e feriados, com grande quantidade de barracas na orla, além de atrair diversos ônibus vindos dos mais variados lugares, tornando o local quase que intransitável nessas ocasiões. Um sufoco, portanto, para quem pretende pegar uma praia nesses dias.

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                        Consegui boas imagens da Praia, da barreira de coral e da entrada de sua estreita barra, esta possivelmente a quem protegia as embarcações de outrora.

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(Referencia histórica e bibliográfica: HELENO, Sebastião – Ecos Ecos Ecos Deodorenses)