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As Igrejas de Marechal Deodoro

(por: José Rodolpho Assenço)

                         Em minha visita a Marechal Deodoro, achei por bem documentar, separadamente, o conjunto histórico compreendido pelas inúmeras Igrejas dessa velha Capital da Província, de uma riqueza e beleza arquitetônico incomparável, abrangendo os séculos XVII, XVIII e XIX.

                        Comecei pela Igreja do Senhor do Bonfim, que fica defronte a uma grande praça, justamente no bairro Taperaguá, na parte baixa da cidade. Foi a primeira a ser edificada. Contudo, não há registros exatos de sua construção. Sabe-se, porém, que, em 1611, já estava quase pronta. Ela tem características idênticas às da Igreja Matriz de Porto Calvo, que teve sua conclusão em 1610 e é uma das mais antigas do Brasil.

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                        Percebi imediatamente a importância de fazer um bom registro da Igreja e da praça, pois estava diante de uma ou talvez a segunda igreja mais velha do país.

                        Prossegui, na sequência dos trabalhos, para a Igreja Conventual de Santa Madalena, que teve sua conclusão em 1689. Ligada ao convento de mesmo nome, compõe um belo conjunto arquitetônico do acervo cultural de Alagoas: com ornatos em pedra calcária, janelas com molduras que, pela sua composição, sugerem uma ornamentação feita em etapas e datas diferentes.  

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                        Ao seu lado, encontra-se a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, obra do século XVIII e que possui linhas barrocas rococó. Pude adentrar em sua nave e conseguir também uma foto do altar. Abaixo do assoalho, há registros dos antigos ali sepultados. Era costume os nobres da época serem sepultados em igrejas.

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                        Uma lenda ressaltava a existência de um túnel ligando os porões dessa Igreja à Igreja do Convento do Carmo, o que é improvável, devido à distância e às diferenças de níveis de terreno entre uma e a outra.

                        Fui, em seguida, para a Igreja de Nossa Senhora do Amparo — localizada em uma rua estreita. Encontrava-se fechada. Há registros de que ela foi construída em 1757, por iniciativa da confraria dos homens pardos. Sabe-se também que sua construção foi abandonada por muitos anos por falta de verbas e que somente veio a ser concluída em 1860.

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                        A próxima foi a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, essa da irmandade dos homens pretos e que teve o início de sua obra em 1834, no intuito de dar dignidade a seus filiados.

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                        A Igreja do Rosário, como a maioria, localiza-se defronte de um largo, de onde se pode ter uma vista parcial da cidade e da Lagoa de Mangaba, ao fundo.

                        Defronte a uma grande praça, está edificada a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, que foi construída para substituir a primeira matriz, destruída quando da grande invasão holandesa à Villa. A sua reconstrução teve início em 1672, e foi concluída somente em 1783, data essa gravada em sua fachada principal.

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                        A Matriz da Conceição possui diversos momentos históricos, como por exemplo, a posse do Primeiro Governador da Província, em 1819. Teve a visita do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina em 1860. Foi palco do casamento dos genitores do Marechal Deodoro da Fonseca, bem como do batismo deste.

                        Por fim, parti em direção à última Igreja a ser visitada, a que me trouxe maior surpresa. Situa-se num local um pouco distante do centro da cidade, e em posição mais alta de todas. Trata-se do Conjunto Conventual do Carmo, composto da Igreja do Carmo, o Convento, o cemitério e uma outra Igreja anexa, que passara a ser capela do cemitério, novamente defronte a um grande largo e com poucas casas espalhadas.

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                        Sua construção também não possui data exata, mas remete a aproximadamente à da Igreja do Bonfim, ou seja, por volta de 1620. Obra interessante, edificada pelos religiosos carmelitas e que teve, em 1872, um cemitério anexado a seu conjunto. Possui ainda uma parte em ruína que sugere ser a casa paroquial ou mesmo uma extensão qualquer do convento.

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(Referencia Histórica e Bibliografica – HELENO, Sebastião – Ecos Ecos Ecos Deodorenses)

Marechal Deodoro

(por: José Rodolpho Assenço)

                         A cidade de Marechal Deodoro, antiga sesmaria de Santa Maria Madalena de Sumaúma, foi a primeira capital de Alagoas, porém, mais que isso, foi berço de toda colonização da região e formação da Capitania de Alagoas.

                        Saímos de Maceió no intuito de registrar algumas fotos da antiga capital, no período da tarde. Mesmo tendo visitado Marechal Deodoro, pelo menos duas vezes, não me lembro de haver colhido bons registros fotográficos da cidade naquelas oportunidades, uma vez que, nessas ocasiões, desfrutava de temporada de praia e, por isso, não me ative muito a registros históricos e a belezas das colônias.

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                        Seguimos, então, para o sul de Maceió. Virando no entroncamento com a famosa Praia do Francês, entramos à direita em direção à cidade mencionada. Logo na sua entrada, deparamo-nos com uma grande surpresa, uma bela igreja e uma grande praça com poucas casas coloniais.

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                        Logo que seguimos para a Igreja, avistamos a primeira e antiga Igreja do Senhor do Bonfim, bem conservada e funcionando; estava aberta e algumas poucas pessoas se preparando para uma missa. Notamos, naquela oportunidade, que a grande praça e as casas a seu redor pertenciam a Taperaguá, bairro onde inicialmente a cidade se formou, e que, por sua condição pantanosa próxima ao rio Sumaúma, não oferecia segurança, era insalubre, além de sofrer por alguns momentos enchentes do rio.

                      Tal situação provocou a mudança da cidade para uma pequena colina distante a um quilômetro, aproximadamente, do local e onde hoje estão seus maiores patrimônios.

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                       Após algumas poucas fotos do local, seguimos para a cidade. Observamos diversos casarões, alguns com dois pavimentos, casas que simbolizavam, de forma contundente, os diversos séculos de existência da cidade. 

                      Por ruas estreitas, passamos por diversas Igrejas que compõem o conjunto arquitetônico e histórico de Marechal Deodoro, chegando à casa onde nasceu o Marechal Deodoro da Fonseca, o Generalíssimo. Em tal edificação, viveu também seu pai, Manuel Mendes, e sua mãe, dona Rosa Fonseca. Sabe-se, por fim, que o Marechal viveu nessa casa até os dezesseis anos de idade com seus irmãos.

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                       A casa, hoje um museu, conta com objetos pessoais do Generalíssimo, conjunto de jantar, mesas, cadeiras, cristaleira, camas, e em homenagem ao casal genitor, uma estátua de dona Rosa Fonseca, com as lápides de seu sepulcro, registrando vida e morte dela.

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                      Em seguida, prosseguimos até o Palácio Provincial, comprado em 1836, no intuito de ser adaptado para ser o Palácio da Presidência da Província, com varandas trazidas da Bahia, com mais de sete palmos.

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                         O Palácio serviu de sede do governo até 1839, quando da mudança da capital para Maceió. Serviu ainda para hospedar a família imperial em 1860, quando da visita àquela província.

palacio

                        Por fim, o Palácio foi adquirido pela prefeitura de Marechal Deodoro para ali instalar a sua sede.

                       Ainda tivemos a oportunidade de visitar rapidamente a Casa de Câmara e Cadeia, construção imponente, datada de 1850, próxima à praça da Matriz. Trata-se de um prédio com dois pavimentos e possui diversas janelas superiores e diversas grades no pavimento inferior. Foi construído na parte mais alta da cidade, uma estratégia de defesa.

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                       Prosseguimos o nosso passeio pelas diversas praças e conversamos com algumas pessoas que nos contaram diversas histórias sobre casas, casarões e até sobre fantasmas.

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                        Sabe-se que fatos importantes aconteceram, como as invasões holandesas que, em 1633, incendiaram a antiga Igreja Matriz e as casas da vila, o que resultou em muitas mortes. Porém, em 1635, o donatário da então capitania hereditária, reconstruiu parte da cidade e fez diversas fortificações.

                      Depois de muitas ladeiras, resolvemos descansar em um barzinho da orla da cidade, que é banhada pela imensa lagoa de Mangaba, local esse que foi há pouco revitalizado pela prefeitura. Destacamos também os diversos quiosques bem estruturados e o calçadão ali existentes, mais uma grata surpresa.

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                          Conhecemos o Sr. Fernando, proprietário da Pizzaria La Mama. Naquele ocasião, ele conversava em, sua mesa, com a filha do ex-prefeito da cidade, jovem que, gentilmente, nos presenteou com alguns livros sobre a história local.

 (Referencia histórica e bibliográfica: HELENO, Sebastião, Ecos Ecos Ecos Deodorenses)