(por: José Rodolpho Assenço)
São Gonçalo do Rio das Pedras é um belo povoamento, Distrito de Serro, Minas Gerais, de beleza única e bucólica, atravessado pela Estrada Real que leva até as minas de Diamantina, situado às margens das nascentes do Rio Jequitinhonha, tem uma história fascinante e uma lenda enraizada no conhecimento popular.
Decidimos seguir pela Estrada Real, seguindo para Serro, não só no intuito de conhecê-la, mas também para realizar algumas fotos de seus povoamentos e das cachoeiras no caminho.
Estávamos acompanhados do fotógrafo Cleber Medeiros.
Após alguns quilômetros em estrada, parte empedrada e parte em terra, chegamos a São Gonçalo do Rio das Pedras. Logo na entrada, avistamos a imponente Matriz de São Gonçalo, local onde estacionamos para iniciar nossos registros.
A história desse povoamento está ligada a inúmeras minas de ouro e diamante e começa no início do século XVIII, acreditando-se que, em 1734, a Matriz já estaria construída. Era também passagem das minas, mais ao norte de Diamantina, seguindo em direção ao Serro e às capitais da então colônia.
As minas de diamantes eram abundantes e a população do local era composta principalmente de negros escravos trazidos àquela região.
A Coroa portuguesa impôs restrições severas a essa região devido as riquezas das minas. Todos tinham que trafegar unicamente pela estrada real e, em caso de descumprimento, seus bens eram apreendidos, podendo até a pessoa ser presa, caso confirma-se desvios.
Tudo e todos que entravam e passavam por ali eram minuciosamente investigados, pois o ouro e os diamantes poderiam passar escondidos até nos dentes dos escravos e, mesmo os moradores locais, tinham que de quinze em quinze dias se apresentarem ao quartel ou ao Intendente Geral para um exame minucioso e, assim prosseguir a sua permanência na região.
Tanta restrição desestimulou o crescimento de São Gonçalo, o que, por outro lado, congelou, no passado, esse belo distrito do Serro.
Essa riqueza levou São Gonçalo a ter para si só, a partir de 1809, um Intendente de diamantes e da povoação.
No período do Império, por sua vez, São Gonçalo do Rio das Pedras conseguiu ter um crescimento modesto, desenvolvendo pequenas agriculturas e, em especial, comércio com a liberação da Estrada Real para todos.
Em 1920, tentou-se instalar uma fábrica no local para produção de vinho, pois já havia diversos vinhedos plantados na serra. A fábrica não prosperou, porém deixou o legado a sua população, que até hoje produz vinhos caseiros, além de doces e queijos de diversos tipos.
No tocante à lenda de São Gonçalo, consiste em acreditar que o povoamento tenha iniciado e crescido quando fora encontrada, por diversas crianças que brincavam logo abaixo de uma goiabeira, a imagem do referido santo, que teria sido entregue aos pais desses garotos, tendo sido levado por esses senhores à capela mais próxima, a seis quilômetros, em Milho Verde, também um distrito.
Porém, no dia seguinte pela manhã, a mesma imagem foi achada novamente sob a goiabeira, e levada, mais uma vez, até a capela. No dia seguinte, o fato se repetiu, ocasião em que foi levada até Serro, porém nada adiantou.
Os mineiros começaram a investigar a situação e perceberam que, na terra da Estrada Real, logo pela manhã bem cedo, era possível ver as marcas dos pés da imagem, deixando o rastro ao caminhar.
Por esse motivo, teria sido então construído no local da goiabeira a Matriz de São Gonçalo.
Retornando a nossa estada, como havia falado, estacionamos o veículo logo abaixo da Matriz, de onde tiramos inúmeras fotos.
Em seguida, prosseguimos fotografando algumas casas e chegamos a uma fábrica de doces onde permanecemos por um bom tempo, provando as inúmeras guloseimas. Local onde Nayara e Cleber compraram doces e queijos.
Mais algumas fotos em outras ruas para, depois, seguimos a Estrada Real, que atravessa o povoamento. Em alguns momentos, parei o carro para registrar o cotidiano, pessoas caminhando pela ER.
Seguimos por toda vila fotografando diversas casas, uma em especial que ficava defronte ao calçamento em pedras redondas da ER.
Nesse local, decide fotografar as pedras seculares por onde passou toda a história do interior do Brasil.
Nessa sequência, chegamos a uma praça aprazível e bem gramada em frente a ER, onde se encontra o marco sinalizando a estrada.
Ao fundo, a bela Igreja de Nossa Senhora do Rosário, cuja data de sua construção foi ao final do período colônia, início do século XIX.
Depois de inúmeras fotos, prosseguimos nosso caminho pela ER até chegar à sede do município, a cidade do Serro, famosa também por produzir queijo de excelente qualidade.