Arquivo do Autor: José Rodolpho Assenço

CAMBARÁ DO SUL e a Sequóia lunar

(por: José Rodolpho Assenço)

                        Em minhas andanças pelo sul em companhia de Nayara e meus filhos, tive a oportunidade de conhecer a pequena Cambará do Sul, conhecida como a terra dos cânions e do ecoturismo no Rio Grande do Sul, segunda cidade mais alta do estado e um dos lugares de inverno mais rigoroso do país.

cambará do sul

                        Conhecer também sua história e, em especial da sequóia lunar.

                        Nessas incursões fotográficas, em uma parada não planejada, abre-se a oportunidade de conhecer uma nova historia desconhecida pela grande maioria.

                        Em nossa visita, assim que entramos na cidade, buscamos o centro especialmente a Praça São José em frente a Matriz de mesmo nome, estacionei o carro e nos dirigimos a uma confeitaria e lanchonete do lado inverso da rua, sentamos na varanda embora estivesse ventando e o termômetro marcando cinco graus, pedi a um jovem atendente café e água.

cambará

                        No retorno do jovem, reclamei do frio e do vento com o atendente que imediatamente me contestou dizendo que eu não havia visto nada, pois na semana passada havia feito onze graus negativos, e que nem água da torneira saia por estar congelada.

                        Após a rápida conversa e munido da minha maquina fotográfica partimos para registrar a pequena Cambará do Sul.

avenida principal cambará do sul

                        Cambará de origem tupi-guarani significa folha de casca rugosa, sendo o nome de uma arvore abundante da região, e onde na Praça São José pode-se observar algumas da espécie, com folhas verde-claro, são famosas por possuir poder medicinal, auxiliar no combate a gripes e tosses.

                        Sua história esta ligada a estrada que ligava Vacaria ou sudeste e por onde passavam inúmeras tropas de gado.

                        Em 1732 iniciou a concessão de sesmarias no intuito de se ocupar áreas devolutas.

                        O nascimento da vila de São José do Campo Bom aconteceu com a doação de vinte hectares de terras para a Igreja, feita por Dona Ursula Maria da Conceição, de uma das famílias tradicionais da região, em pagamento de uma promessa realizada a São José.

praça e igreja matriz de são josé

                        Em 1903 Campo Bom passa a distrito de São Francisco de Paula, com a mudança do nome para Vila Cambará, e, por fim em 1963 Cambará do Sul emancipa como município.

praça são josé

                        Fotografando a praça e alguns prédios, alem dos frondosos cambará, fui alertado pela minha filha que havia uma sequóia na praça, e que ela era lunar.

sequoia lunar

                        Desconhecendo da história me dirigi até a bela sequóia onde logo abaixo uma placa a identificava como sequóia lunar.

                        Cheio de curiosidade, passei imediatamente a pesquisar a historia da referida arvore.

                        Em 1982 o Prefeito Municipal Senhor Pedro Teixeira Constantino, um grande defensor da natureza e apaixonado por Cambará e suas belezas, tomou conhecimento da missão Apolo XIV, que quando de sua visita à lua fez-se germinar em solo lunar inúmeras mudas de sequóia.

                        As sementes levadas pelo astronauta Stuart Rosa, circularam ainda a lua 34 vezes, em seu bolso e foram trazidas por ele de volta a terra.

                        As sementes germinadas foram pelo governo Norte Americano, doadas a inúmeros países.

                        Sendo assim, o então Prefeito não mediu esforços em conseguir um exemplar de sequóia lunar, plantando-a na Praça São José.

praça são josé

Segundo o Prefeito, um testemunho da luta de nosso povo pela preservação da natureza e conservação da fauna e flora,  e ainda, por ser uma arvore milenar, e a mais alta do mundo, para que ela fique na cidade mais alta do Rio Grande do Sul.

                        Hoje a espécie já tem mais de trinta metros de altura e um de diâmetro, esta saudável e se desenvolve bem no clima frio de Cambará.

                        Após inúmeras fotos da arvore, de contar a historia lida a todos, finalizamos nossa visita a pequena cidade.

APARADOS DA SERRA e o Cânion do Itaimbezinho

(por: José Rodolpho Assenço

                        Por muitos anos sempre tive grande interesse em conhecer esse lugar, objetivo alcançado no ano passado, acompanhado de Nayara e meus filhos.

                        Saímos cedo de Gramado, onde estávamos hospedados, e percorremos aproximadamente uns cento e vinte quilômetros até Cambará do Sul, de onde seguimos por quinze quilômetros em estrada de terra em boas condições até chegar ao Parque Nacional dos Aparados da Serra.

aparados da serra

                        Essa visita foi realizada em um dia não muito claro de inverno, com temperaturas inferiores a dez graus durante todo dia.

                        O Parque foi criado no ano de 1959, com uma área de 13.000 hectares, com o objetivo da preservação do ecossistema da Mata Atlântica, dos pampas e florestas de araucárias. Hoje administrado pelo ICMbio, é o único do sul do Brasil a participar do programa de turismo no Parque.

                        Os Aparados faz fronteira ao sul com o Parque Nacional da Serra Geral perfazendo assim um total de 30.500 hectares os dois parques.

aparados da serra

                        Caracterizado por inúmeros desfiladeiros e cânions, possui paredões que chegam a atingir 750 metros de altitude, e que terminam em campos altos praticamente de relevo plano.

parque nacional aparaddos da serra

                        O Parque esta exatamente na divisa dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, tendo alguns atrativos pertencentes a um estado ou a outro.

                        Seu principal desfiladeiro é o Itaimbezinho, imponente e de grande beleza, tem a extensão de 5,8 quilometros, 600 metros de largura e com 750 metros de profundidade.

itaimbezinho

                        Seu nome vem do tupi-guarani que significa pedra afiada.

                        Com diversas trilhas, sendo as mais conhecidas e visitadas: a do Vértice; a trilha do Cotovelo e a trilha do Rio do Boi.   A visitação é feita em horário especifico sendo necessário que seja feita uma programação adequada quanto a entrada e saída de cada trilha, como também, é cobrada uma taxa de cada visitante.

                        O Itaimbezinho esta exatamente na divista dos dois estados , tendo sua parte superior no Rio Grande do Sul e suas bordas e as cachoeiras como também seu fundo em Santa Catarina.

                        Retornando a nossa visita, após os quinze quilômetros de terra chegamos a alguns poucos quilômetros antes a entrada do parque em uma via asfaltada com estacionamos em um espaço amplo, não longe dos cânions.

                        Após nos equiparmos com agasalhos, busquei minha câmera e nos dirigimos para um prédio de dois andares bem largo com um jardim grande a sua frente, onde situa-se a sede do Parque.

sede do parque nacional aparados da serra

                        Da sede decidimos por percorrer a Trilha do Vértice, por ser a mais famosa e mais visitada. 

trilha do vertice

Caminhamos por pouco mais de um quilometro em boa trilha acompanhada de inúmeras araucárias, e, logo atingimos o Vértice, local de ângulo obliquo onde finaliza o desfiladeiro.

vertice do itaimbezinho

                        Seguimos percorrendo a borda seguinte do desfiladeiro de onde avistamos diversas cachoeiras, entre elas o Véu da Noiva.  O tempo estava frio nublado com um leve nevoeiro, o que me prejudicou um pouco a realização de boas fotos.

itaijbezinho

                        Ainda na borda do desfiladeiro a cada 300 metros percorrido havia um mirante, ou ponto de observação do Itaimbezinho.

                        Finalizamos a trilha em um lugar onde existe uma bifurcação, a primeira retorna ao estacionamento e, a segunda segue para um simpático café instalado em uma grande casa de antigos colonos em madeira, a qual avistamos assim que chegamos na divisa.

cafe no itaimbezinho

                        Entramos e visitamos a casa, com inúmeros objetos que remetem a vida da antiga família de colonos, logo fomos atendidos, onde pedimos água e café. Nesse local que permanecemos por alguns minutos desfrutando da beleza do rincão.

                        Realizei também algumas fotos da casa de colono e de seu jardim  e, em seguida buscamos o caminho de volta ao carro, aproximadamente uns dois quilômetros até o estacionamento.