(por: José Rodolpho Assenço)
O Pouso do Divino representa uma etapa de uma festa grandiosa e poderosa que atravessa dias e noites de atividades e encenações. Tradição com diversos séculos de existência.
No último final de semana do mês de abril, recebi o convite do amigo fotógrafo Henrique Ferreira para participar da cobertura fotográfica de um “pouso” no município goiano de Pirenópolis. Confesso que, em um primeiro momento, não me atentei e cheguei a perguntar assim: pouso de quê? Mas logo “caiu a ficha” e entendi tratar-se de um Pouso do Divino Espírito Santo.
Como as últimas saídas fotográficas com Henrique tinham sido bastante divertidas e prazerosas, aceitei prontamente a proposta e imediatamente me preparei para tal façanha.
O pouso é uma etapa da Folia do Divino Espírito Santo, uma procissão com cavalgadas que atravessa inúmeras fazendas, levando as bandeiras do Divino e que finaliza com a chegada à Matriz em Pirenópolis, no mês de maio.
Conta-se que a tradição dos festejos do Divino Espírito Santo teve origem em Portugal, por volta do ano 1320, quando a Rainha Dona Isabel de Aragão, para cumprir uma promessa ao Divino, devia peregrinar por todo mundo com uma cópia da coroa e uma pomba, no intuito de arrecadar donativos para atender aos pobres, promessa essa realizada no intento de por fim a briga do rei com seu filho.
A interferência da rainha foi decisiva para evitar um confronto entre os herdeiros da coroa e seu pai e, assim, iniciaram-se as festividades do Divino, sempre após as colheitas, momento de fartura.
Retornando aos dias de hoje e ao solo goiano, segui para “Piri” ainda no sábado pela manhã, na intenção de almoçar na referida cidade e conversar um pouco com Henrique sobre a cobertura do evento. Participou também desse encontro o fotógrafo Valdeir, residente na cidade goiana.
Por fim, em torno das 15 horas, seguimos para Fazenda Sagatiba, no mesmo município, local que receberia o pouso, as bandeiras e seus participantes.
Ao chegarmos ao referido lugar, ficamos assustados com toda a estrutura montada. Havia diversas barracas e lanchonetes já instaladas. Algumas vendiam botas, chapéus e assessórios. Logo mais adiante, um grande palco com equipamento de som montado, promessa de um bailão de grandes proporções.
Enquanto aguardávamos a chegada da cavalgada e das bandeiras, conversamos com comerciantes, que nos confirmaram que lá para o meio da noite, após a programação cultural e religiosa, esperavam algo em torno de quinze mil pessoas.
Próximo às dezessete horas, aconteceu a entrada das bandeiras e da cavalgada na fazenda, inicialmente se posicionando um ao lado do outro, e apenas alguns poucos à frente do grupo.
Nesse momento, o adiantado da tarde e a posição do sol nos propiciaram a possibilidade de realização de algumas tomadas interessantes.
Na sequência, todo grupo se aproximou da fazenda, ultrapassando um pequeno portal montando com folhas e bambu, prosseguindo até a sede, bem próximo ao local do palco onde os cavaleiros desmontaram-se de seus animais.
Prosseguimos realizando diversas fotos de todo o percurso
e, em seguida, com as bandeiras do Divino, começaram as rezas ou cantorias, e também novas tomadas de fotos foram realizadas.
Devido a minha veia histórica, não pude deixar de observar uma pequena sede da fazenda que remete ao século XIX, muito comum nessa região.
Com a proximidade da noite e já com a chegada de diversos veículos para as festividades, decidimos por não permanecer mais no evento, levando em consideração os riscos de não conseguirmos mais sair da fazenda diante de um provável congestionamento.