(por: José Rodolpho Assenço)
As Ruínas de São Francisco — ou Ruínas da Igreja inacabada de São Francisco de Paula — estão localizadas na Praça João Cândido, no bairro São Francisco, centro de Curitiba, Paraná. Representam o que restou da igreja de mesmo nome, construída pelos portugueses no ano de 1809.
Conta a história que essa igreja não foi totalmente edificada devido ao desvio da utilização das pedras para as torres da antiga Igreja Matriz.
Hoje, o local das ruínas está cercado com grades, de forma a protegê-lo. Compõe ainda o cenário da Praça João Candido, o Palácio Belvedere ou Palácio art nouveau, um anfiteatro com um prédio anexo com lojas, bares e restaurantes.
Ao tomar conhecimento desse conjunto histórico da praça João Cândido, meu interesse ficou aguçado pelas inúmeras histórias e lendas que envolvem esse local.
As ruínas de São Francisco teriam sido o local onde um famoso pirata teria enterrado um tesouro, e consta que ele volta sempre a esse local, até os dias de hoje, no intuito de amedrontar todo aquele que se aproxime de suas riquezas. Outra lenda sobre o mesmo local afirma que este teria sido amaldiçoado por um eclesiástico, tendo em vista o desvio feito de material para outra obra.
Conta-se ainda que debaixo das ruínas de São Francisco existem diversos canais que ligariam esta igreja às demais de Curitiba. Há, na realidade, a confirmação da existência de canais nos subterrâneos do centro da cidade, não podendo, porém, afirmar que ligam o centro às Igrejas e educandários religiosos.
Em minha rápida estada em Curitiba, visitei essa praça no intuito de conhecer de perto tais ruínas. Segui para o local depois de algumas compras no centro da cidade, levando apenas uma pequena máquina fotográfica compacta.
Assim que cheguei, percebi que as ruínas eram constituídas de um mássico de pedras com arcos. Em alguns deles, pude observar, além de um primeiro pavimento, as molduras do que seriam janelas, em um andar superior.
Casou-me estranheza, pois sendo a fachada principal, por qual motivo teria essa Igreja arcos tão baixos e tão estreitos?
Tirei um conjunto de fotos com muita dificuldade, pois minha posição contrariava a posição do sol, o que implicou que algumas fotos ficassem “estouradas de luz”.
Finalizando, segui para fazer um conjunto de foto da praça como um todo, principalmente do belo Palácio Art Nouveau – o Belvedere.
O Belvedere, assim como as ruínas, também tem suas histórias: construído em 1915 sobre a antiga capela do Alto do São Francisco — levando-se em consideração que toda a praça está em um outeiro —, foi projetado e executado pelo engenheiro e ex-prefeito dessa capital Cândido Ferreira de Abreu, para ser um mirante de toda a cidade, sendo esse outeiro um dos pontos mais altos até então desse núcleo urbano.
Em 1922, virou sede da primeira emissora de rádio do estado, a PRB-2, Rádio Clube Paranaense, que transmitiu até 1931. Passou, em seguida, a ser um Observatório Astronômico da Faculdade de Engenharia e, em 1962, sede da União Cívica Feminina. Por fim, desde o ano passado, virou sede da Academia Paranaense de Letras.
Esse belvedere tem também sua história fantástica, contada pela crença, ou invenção popular. Conta-se que nesse palácio se podia ouvir a voz de um famoso e antigo locutor da Rádio Clube, e também seus passos pelos corredores. Essa lenda ganhou fama quando da estada da União Cívica no local.
O belo prédio projetado em estilo “art nouveau” tem linhas fantásticas; seu mirante nos remete a antigos prédios de cais de porto, beleza única no centro da cidade que, embora nele ocorram diversas obras de restauração – uma vez que é tombado pelo patrimônio estadual – sofre severamente a ação de vândalos e pichadores que insistem em destruir tão belo patrimônio.
Circulei por todo o prédio, caminhando ainda por toda a praça João Cândido e pude observar a presença de moradores de rua na região, especialmente, de jovens que, sentados na grama, causaram-me a impressão de usarem algum tipo de entorpecente. Lamentável!