(por: José Rodolpho Assenço)
Pirapora, palavra que vem do Tupi, significa o peixe que pula, é uma agradável cidade no noroeste de Minas Gerais e importante pólo do médio e alto São Francisco.
Sua história está intimamente ligada aos índios Cariris. Conta-se que teriam subido o rio até atingir as cachoeiras, afugentados pelos portugueses quando da colonização e exploração da costa brasileira. O fato é que teria realmente existido uma grande tribo de Cariris, cuja aldeia situava-se exatamente onde é hoje Pirapora, bem à frente das cachoeiras do grande rio.
O rio da integração nacional foi por muitos anos o grande meio de escoamento dos produtos do sertão, bem como a principal artéria por onde subiam as mercadorias e mantimentos do litoral, trazia-se inclusive sal e calcário para lavouras e pecuária. Nesse contexto, Pirapora foi por muitos anos o ponto final dessa hidrovia.
Aproximadamente em 1670, os bandeirantes Soliros e Salmeron, vindos do Rio das Velhas, desde as proximidades das minas de Sabará, teriam subido o São Francisco até as cachoeiras do Pirapora, local onde supostamente foram atacados pelos índios Cariris, sofrendo diversas baixas.
Pirapora, em meados do século XIX, possuía aproximadamente 40 casas, ocupadas por pescadores e carregadores. E, no final desse século, com a chegada dos vapores vindos desde Juazeiro, a vila e a região viveram momentos de grande desenvolvimento.
Recentemente, estive acompanhado dos meus filhos a essa agradável cidade, no auge da crise hídrica sofrida esse ano na região sudeste, momento em que a represa de Três Marias liberava pequena quantidade de água rio abaixo, e percebemos na população local a preocupação com o futuro do rio São Francisco. Mesmo sendo a crise uma questão séria, ela nos proporcionou uns bons dois dias de praia em Pirapora, onde pudemos desfrutar de um refrescante banho no Velho Chico.
Em Pirapora, tentei registrar algumas peculiaridades do local bem como de sua pequena e agradável orla.
Tivemos momentos agradabilíssimos, desfrutando de um prato muito apreciado no alto São Francisco, o Surubim na brasa, acompanhado de pirão, molho e arroz com ervas. Percorremos, ainda, os bares da orla e apreciamos o movimento noturno da pequena cidade.
Estivemos nas principais praças, ruas e avenidas e, na última tarde dessa estada em Pirapora, fiz questão de levar meus filhos para conhecer o porto e o vapor Benjamim Guimarães, que é o único à lenha de roda d’água em funcionamento no mundo.
Logo que chegamos próximo ao local, um grande galpão da Cia. de Navegação já denunciava que estávamos no porto de Pirapora. Ao largarmos o carro, passamos inicialmente por um modelo em terra firme que explicava o funcionamento de um vapor.
Prosseguindo barranco abaixo, chegamos à beira do rio, bem de frente ao belíssimo vapor. Registrei inúmeras fotos, inclusive com meus filhos.
Construída em 1913, nos Estados Unidos, o vapor Benjamim Guimarães navegou por uma centena de anos nesse belo rio. Hoje, carrega a Sinfonia do Velho Chico, com músicos da orquestra local, tocando músicas nacionais e internacionais, em um passeio de aproximadamente três horas, nos finais de semana, repleto de turistas.
Concluindo nossa visita à cidade ribeirinha, decidimos atravessar a Ponte Marechal Hermes. Estruturada em ferro e construída com tecnologia e material importado da Inglaterra, ela foi inaugurada em 1922, e fazia parte de um grande projeto de se estender à Estrada de Ferro Central do Brasil, atravessando todo o país até o Pará.
É, sem dúvida, um belo cartão postal de Pirapora. Com oito metros de largura e setecentos metros de comprimento, possui em seu centro a linha da estrada de ferro e ao lado uma passarela que é utilizada tanto para pedestres como para transporte em pequenos veículos e bicicletas.
Segui com meus filhos até o centro da ponte, não concluindo, porém, a travessia até a cidade vizinha de Buritizeiros, pois não vi naquele momento necessidade, mas pude registrar belas imagens da composição de sua estrutura em ferro e, evidentemente, do Rio São Francisco.