(por: José Rodolpho Assenço)
O Alto do Moura, bairro distante sete quilômetros de Caruaru, no agreste pernambucano, guarda um artesanato único e que colocou o Brasil em posição de destaque internacional na arte figurativa, retratando personagens e passagens do sertão nordestino.
Saindo do centro de Caruaru, importante polo de moda e confecção, seguimos em direção ao Alto do Moura, local esse que, na verdade, mais parece uma pequenina cidade do sertão do que propriamente um bairro. Logo alcançamos um portal que informa da importância desse polo de artesanato, destacando como o maior em arte figurativa das américas.
Entramos na cidadezinha, eu e minha namorada, e logo nos deparamos com diversos bares e restaurantes de comidas típicas nordestinas, especialmente as ligadas à tradição do sertão, com destaque para o Bode, grande fonte de proteína.
Em seguida, visitamos diversas lojas de artesanatos que vendem, além de inúmeras figuras sertanejas, algumas decorativas, como vasos e enfeites.
Sabe-se que o início de tanta tradição em artesanato daquele local veio com o Mestre Vitalino — nascido no começo do século passado — que produzia e vendia suas estátuas na feira de Caruaru. Utilizava o jovem mestre sobras do barro dos trabalhos de cerâmica feitos por sua mãe. Ressalte-se que esses trabalhos, depois de moldados, ainda eram levados ao forno por aproximadamente oito horas.
Visitamos o Museu do Mestre Vitalino, pequena casa de taipa erguida pelo próprio mestre, com um singelo jardim a sua frente. Essa casa, com pequeninos quartos, guarda os objetos pessoais e mobiliários do Mestre. O que mais nos impressionou, no entanto, foi a cozinha minúscula e o fogão de lenha.
Logo atrás da casa, podemos observar o forno onde o mestre desenvolvia seus trabalhos.
Depois dessa visita, seguimos para o Atelier do Mestre Luiz Galdino, onde também ficamos impressionados com a beleza das figuras produzidas por esse ceramista. Algumas em tamanho de um ser humano, logo a frente da loja ateliê; e diversas outras, como algumas “namoradeiras”, tudo de beleza indescritível.
As cores fortes de todas as figuras lembram sempre as da bandeira de Pernambuco. Aliás, muitas imagens aproximam-se daquelas produzidas no vale do Jequitinhonha.
Vimos ali diversos vasos, jarros e uma infinidade de produtos produzidos em barro. Não nos esquecemos, logicamente, de observar atentamente as panelas de barro muito utilizadas nas peixadas e moquecas.
Prosseguimos por toda rua, visitando diversas lojas de artesanato. As cores fortes sempre se repetiam. Algumas figuras diferentes, imaginárias ou fantasmagóricas, faziam parte também desse conjunto de obras.
Ao final da rua, chegamos ao memorial do Mestre Galdino, onde diversas figuras bizarras retratam o trabalho e a maestria desse artista do sertão. Bem montado, o memorial apresentava também um retrato do mestre e sua esposa em tamanho natural, sentados em suas cadeiras, tudo feito em barro.
Destacamos também as inúmeras figuras de tamanho natural, como as senhoras em sua máquina de costura ou de escrever.
Finalizamos essa visita gratificados por ter conhecido mais um pouco da arte e da cultura de nosso imenso país.