(por: Cleber Medeiros e José Rodolpho Assenço)
Há muitos anos, escutávamos falar da Comunidade Quilombola de Mesquita, em Luziânia – Goiás, de suas lendas, de seus doces, e de sua proximidade de Brasília.
Em um destes domingos anuviados, como acontece normalmente nos primeiros meses do ano, decidimos sair (eu, o fotógrafo Cleber Medeiros e sua namorada, Jaque Araújo) para almoçar e seguir em direção a essa famosa comunidade.
Seguindo em direção da cidade goiana, achei por bem prolongar um pouco mais o caminho para almoçarmos no Cantinho Mineiro, um simpático e singelo restaurante na beira da rodovia BR-40, mais exatamente no Jardim Ingá, região suburbana de Luziânia. No local podemos apreciar um delicioso lombo suíno assado em tiras acompanhado de feijão tropeiro, tutu com torresmos e saladas.
Finalizado o almoço, seguimos para a Comunidade Mesquita, na qual assim que chegamos nos deparamos com uma casa grande colonial e seus muros de adobe com um jardim a frente. No momento que chegamos ao local, tivemos a sorte de encontrar a proprietária, que muito gentilmente nos possibilitou entrar e tirar algumas fotos do casarão e do jardim.
Questionamos para a referida senhora sobre onde teria a fabricação das famosas marmeladas e novamente por sorte, ela fabricava e nos vendeu algumas amostras do produto.
A história de Mesquita está ligada a fazenda do capitão português Paulo Mesquita, que à mais de duzentos anos, com o fim da mineração em Santa Luzia, (Luziânia) decidiu abandonar a região deixando a fazenda para suas três escravas alforriadas que ali ficaram vivendo. Outros escravos, forros ou não, se juntaram a esse grupo à época, viveram de forma isolada, mantendo seus costumes e tradições e produzindo a marmelada artesanal que é até hoje a principal fonte de recursos desse povoamento.
Essa tranqüilidade e isolamento entraram em declínio, quando em 1974, com a criação da Cidade Ocidental, Valparaíso e com o crescimento de Luziânia fizeram com que a disputa por terras do quilombo aumentassem e parte de suas áreas foram ocupadas por outras famílias, além do assédio constante de empreiteiras com interesses em construir loteamentos.
Hoje o governo, no intuito de preservar as tradições e cultura do povoado, tem devolvido parcialmente alguns territórios aos seus legítimos herdeiros.
Ao que tudo indica e pelas informações colhidas daquela senhora do casarão colonial, essa teria sido a sede da fazenda do capitão português Paulo Mesquita, por ser a mais antiga de toda a região.
Na seqüência das fotos atravessamos a rodovia (ainda no povoado) para registrar duas igrejas paralelas, uma mais antiga que remete a meados do século passado e a outra com arquitetura bem mais recente, em frente a um grande largo de onde ainda prosseguimos pela única rua pavimentada da comunidade.
Finalizamos fotografando um pequenino cemitério onde não consegui contar nada a mais que 25 cruzes e lápides.