(por: José Rodolpho Assenço)
O Forte de Santo Inácio de Loyola, também conhecida como Fortaleza da Barra Grande, em Tamandaré, Pernambuco, é hoje a única fortificação do estado fora da área metropolitana de Recife.
Passeando de férias, visitando praias e cidades do litoral de Pernambuco, não há como não se deparar com a bela Tamandaré, com suas praias de rara beleza, e com uma imponente fortificação, bem próximo ao centro da cidade. Em minha visita, por exemplo, aproveitei o tempo disponível para realizar a visita ao forte e tirar algumas fotos.
Da via central, passando por uma rua estreita de paralelepípedos, alcança-se a fachada principal e a entrada do forte. Segundo historiadores, haveria, nessa entrada, um portão em verga reta (portão típico de fortificação com abertura acima e dobradiças abaixo, no chão), que servia tanto como rampa de acesso como também de ponte sobre o fosso. Isso não existe mais.
Logo que entrei, notei a existência de uma passagem com seteiras. Servia para que os defensores abrissem fogo contra invasores que pelo portão passasse.
A história do forte está, a exemplo das demais fortificações da região, envolvida em um vai e volta de ocupação holandesa e de retomada portuguesa, e aos interesses de ambos na manutenção do controle da enseada de Tamandaré, que, àquela época, era o melhor ancoradouro da Capitania de Pernambuco, sem contar que ficava muito próximo às regiões de produção do açúcar mascavo, principal e mais valorizado produto da colônia.
Em junho de 1645, foi erguida pelo Mestre João Fernandes Vieira das forças de Salvador Correia de Sá e Benevides um reduto da campanha para a defesa do ancoradouro. Essa pequena fortificação caiu, logo depois, nas mãos das forças do Almirante Joan Cornellizon Lichthart, ainda em 1645. Conquistada pelos neerlandeses de Lichthart, na Batalha da Baia de Tamandaré, este à procedeu reparos e ampliação, mas esse ancoradouro foi novamente retomado pelos portugueses em 1646, e abandonado em 1654.
Lichthart era, na verdade, um corsário, astuto conhecedor de nosso litoral; sabia falar perfeitamente nossa língua, pois havia vivido em Lisboa.
O mesmo Mestre João Vieira, que construiu o Forte de Santo Inácio, em 1677, com apoio da população local e com pedras trazidas pelo mar de Porto Calvo, procederam uma nova ampliação na fortificação de formato quadrado.
A Capela de Santo Inácio, no entanto, somente foi construída em 1780.
Novas reformas do Forte aconteceram no século XIX, recebendo formato de polígono quadrangular, com baluartes pentagonais no vértice, com dois andares pelo lado inverso a baia. A Fortaleza possuía Corpo de Guarda, calabouços, casa de palamenta, paiol, casas de tropa, casa de comando, alojamentos, além, logicamente, da simpática Igrejinha de Santo Inácio e uma artilharia de vinte e oito peças de ferro e bronze de diferentes calibres.
Outro momento importante do forte foi quando da viagem do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz às províncias do Norte, oportunidade em que pernoitaram nas dependências da fortificação no dia 13 de dezembro de 1859. Nesse momento, o Almirante Joaquim Marques Lisboa, no comando do Vapor Amazonas, pediu à comitiva permissão para fazer uma rápida estada em Tamandaré, no intuito de recolher os ossos de seu irmão revolucionário da Confederação do Equador para transportá-lo para o Rio de Janeiro. Manoel Marque Lisboa, irmão do Almirante, embora inimigo do Império, teve o pedido da permissão concedida pelo Imperador, que, mais tarde, pelos inúmeros serviços prestados a nação, concedeu a este Almirante o título de Barão de Tamandaré.
No século XX, foi construído, ainda em seus primeiros anos, um grande Farol de sinalização, que funciona até hoje e que se encontra sobre os cuidados da Marinha.
Voltando a minha visita, prossegui com fotos dos calabouços, local escuro com diversas grades e celas.
Segui pelo pátio principal até Capela, na qual, adentrando, observei um singelo altar ao centro. Da parte superior ainda se pode avistar os alojamentos, a área do paiol e demais dependências.
Finalizei minhas fotos com algumas imagens das áreas remanescentes dos fossos bem próximos à muralha na qual caminhei em toda sua extensão.