(Por: José Rodolpho Assenço)
Boipeba Velha povoamento de dois mil habitantes, formada pela Praça Santo Antonio, a Igreja do Divino Espírito Santo e ruas adjacentes que seguem de um lado até o canal que a separa da Ilha de Tanharé, e do outro pela Praia da Boca da Barra, foi por nós visitada no ultimo verão. Uma empreita que prevíamos uns três dias e acabamos por ficar toda a semana.
A nossa aventura inicia-se logo na saída de Valença, isso pois o acesso a Boipeba é somente marítimo ou fluvial. Logo que subimos ao que eles chamam de lancha rápida para Boipeba, não imaginávamos o susto que tomaríamos e nem imaginávamos o motivo desse ser o nome da lancha.
Saindo do porto, assim que distanciamos um pouco do centro e buscamos os canais de acesso fluvial, nosso condutor da lancha rápida acelera, impulsionando as alavancas toda à frente, imediatamente dispararam os dois motores de 270 hp ao máximo, o que nos faz tomar um grande susto. Todos se agarram como pode e, com um forte vento na cara alem dos respingos seguiram-se mais de uma hora de viagem “no cacete” desviando de inúmeros bancos de areia, até atingir a foz do rio onde se localiza Boipeba.
Em Boipeba nos instalamos inicialmente na Pousada Anjeli do proprietário Vinicius, que, prontamente colocou seu ajudante Júlio que nos esperava no cais de Boipeba com um carrinho de mão de obra, para carregar nossas bagagens até a pousada. Tratava-se de uma pousada agradável em cima de um morro que dá acesso tanto a vila como pelo outro lado à Praia da Boca da Barra, onde fomos surpreendido com um grandioso café da manhã.
Na Ilha por sua vez, não existem automóveis e todos os trajetos são executados a pé dentro da vila, e para outros rincões da ilha através de trator puxando uma jardineira. Existem algumas poucas motocicletas e quadríciclo na vila situação essa que apóia na conservação ambiental e ecoturistica.
Boipeba tem seu nome ligado à palavra tupy “m’boi pewa” cujo significado é cobra chata, e sua história ligada ao inicio da colonização da Bahia sendo uma das vilas fundadas por jesuítas mais antigas datada de 1537, quando da fundação da aldeia e da residência de Boipeba.
Porem em 1531 aconteceu um grande naufrágio no extremo sul da ilha na Ponta dos Castelhanos do navio espanhol “Madre de Dios”.
Em 1537 o Governador Geral Mem de Sá doa aos jesuítas a sesmaria das doze léguas, e Lucas Giraldes donatário da capitania ordena a criação da vila de Boipeba.
Anos após houve o êxodo da população de Boipeba para onde hoje é Nilo Peçanha fundando nesse local a vila de Boipeba Nova.
Seu maior monumento histórico é sem duvida a Igreja do Divino Espírito Santo da Velha Boipeba construída pelos jesuítas em 1610.
Inúmeras manifestações culturais e religiosas acontecem anualmente na vila dentre elas a procissão de Iemanjá a rainha do mar, a grande mãe, que acontece sempre no dia dois de fevereiro e da qual esse ano tivemos a oportunidade de assistir.
Outra atividade da comunidade é a descida do Espírito Santo que acontece sete semanas após a Páscoa com período festivo de nove dias, que se inicia com o hasteamento da bandeira seguido de cânticos e no domingo de Pentecostes a procissão do Divino Espírito Santo que percorre todo os bairros de Boipeba.
Retornando a nossa visita eu e Nayara, procuramos no primeiro dia às praias mais próximas, iniciando pela Praia da Boca da Barra que se localiza muito próxima a pousada, e onde aproveitamos do mar e de uma barraca de praia, e nessa praia permanecemos por horas. Viemos já mais ao final da tarde passeando pela praia sentido a Barra e a vila percorrendo a areia e fotografando calmamente todos os detalhes.
De barraca em barraca chegamos ao anoitecer no canal, próximo à vila e que separa a ilha da ilha de Tanharé.
Sempre no período da noite vínhamos caminhando da pousada para o centro da vila onde na primeira aproveitei para conhecer a histórica Igreja do Divino Espírito Santo.
A Noite em Boipeba na praça central tem inúmeras barracas com diferentes tipos de comidinhas e petisco, alem de batidas e bebidas em geral.
As casas ao redor da praça são formadas quase todas de comercio, e em especial de restaurantes, bares, pousadas e farmácias. E sempre toda noite existe em algum dos bares, alguma apresentação musical.
Existe também no centro da praça uma pequena feira Hippie que vende pedras semi-preciosas e objetos em couro e prata.
No dia seguinte, convidado pelo Isaias dono de uma lancha, para fazer o passeio pelas praias, seguimos para o porto onde tivemos o prazer de conhecer o casal paulistano Esne e Marcela que iriam dividir a lancha comigo e com Nayara, e dos quais fizemos uma boa amizade que nos acompanharia na estada diversos dias.
Assim que a lancha estava pronta subimos e partimos rompendo o canal entre as duas ilhas e seguindo pelo mar passamos inicialmente pela Praia da Boca da Barra, em seguida pela praia de Cueira e logo após a Praia de Bairema onde Isaias parou sua lancha para nosso primeiro mergulho em um lugar de rara beleza.
Na seqüência Isaias seguiu com a lancha até a praia onde desembarcamos em frente a única barraca existe e que servia caipirinha de diversos sabores.
Aproveitei a ocasião para algumas fotos de Bairema antes de novo mergulho.
Reembarcados seguimos margeando a foz do Rio Catu por águas de rara beleza até atingirmos a Ponta dos Castelhanos.
Atracado na praia dos Castelhanos novamente pudemos aproveitar da barraca existente na praia e de momentos de boa conversa descontração e muitas fotos.
Finalizamos o passeio retornando ao porto de Boipeba.
Nos dias seguinte sempre acompanhado de sol, praia, cerveja e as boas companhias de Marcela e Esne, descobrimos que no sábado seria a procissão de Iemanjá, e diante da agradável estada que todos estávamos tendo decidimos por permanecer em Boipeba mais uns dias e aproveitar dessa festa religiosa.