(por: José Rodolpho Assenço)
Morro do Frota é uma imponente montanha defronte a Pirenópolis, Goiás, eterno vigilante da cidade. Diz a lenda que foi a família — antiga proprietária das terras marginais ao Rio das Almas — que lhe deu o nome.
Em uma das idas a Pirenópolis, acompanhado dos fotógrafos Cleber Medeiros e Henrique Ferreira, decidi convidá-los a subir o Morro do Frota no intuito de produzir, de cima dele, algumas imagens da cidade.
O local já é bem conhecido por Henrique que, constantemente, sobe o Morro com sua esposa, em desafios de trilhas, corridas, ou ainda de Montain Bike. Por isso que insisti com os amigos que fizéssemos a referida visita.
Fomos logo alertados por Henrique da impossibilidade de se chegar de carro até o topo, pois diversas pedras grandes impedem o trajeto de veículos.
O Morro do Frota, como informado anteriormente, tem sua história baseada na lenda da família que lhe deu o nome, especialmente Antonio Rodrigues Frota e seu sogro Luciano Nunes Teixeira que ali se instalaram, em meados do século XVIII, no intuito de explorar garimpo de ouro, contanto, para esse fim, com muitos escravos. Frota, com muito trabalho, teria adquirido as terras à esquerda do rio das Almas e, com o passar do tempo, passou a extrair muito ouro.
Segundo a lenda, ele fugia do pagamento do quinto do ouro à Coroa Portuguesa, usando do artifício de esconder o metal precioso em local desconhecido, enchendo diversas garrafas e as enterrando em cima do morro, isso dentro da sua propriedade. Dizem que seus escravos tinham a língua amputada para não delatar nem o local nem os procedimentos ilegais promovidos pela família.
Os Frotas teriam se enriquecido dessa forma, construindo sua própria Igreja e um castelo onde morava com a família, composta ainda de duas filhas que esbanjavam riqueza e ostentação. Conta-se que a esposa do Frota dizia ser mais fácil o rio subir novamente a serra do que seu ouro acabar. Em festas importantes da cidade, sempre se apresentavam com roupas caras vindas da Europa, joias variadas e até mesmo maquiagem com pó de ouro.
Tanta ostentação não durou muito, pois logo Antonio Frota veio a falecer seguido também de sua esposa, deixando as filhas com pouco conhecimento e desamparadas, o que não tardou a alguns espertalhões da cidade juntarem-se com juízes, também desonestos, levando as jovens à miséria.
Conta-se também que, por fim, sem terras e sem casa, essas moças finalizaram a vida pedindo ajuda à população da cidade.
Acredita-se ainda na cidade que muitas das garrafas de ouro nunca foram achadas e que ainda se encontram enterradas no morro.
Tendo acordado cedo e tomado um bom café da manhã na padaria vizinha à pousada, decidimos iniciar nossa subida ao Morro do Frota.
Inicialmente, a estrada de terra estava em boas condições; uma parte dela leva a outras inúmeras cachoeiras, indo, por fim, se encontrar com a que seria a BR070 do outro lado dos Pireneus. Seguimos o trecho final muito sinuoso e, como alertou Henrique, com diversos buracos e pedras enormes, local esse em que decidi por deixar meu carro estacionado e subir a parte final de carona na traçada do Henrique.
Chegando lá, um enorme mirante nos proporcionou uma visão ampla e total da Serra dos Pireneus, à esquerda, a cidade toda à frente e o vão do Rio das Almas à Direita.
O local possui inúmeras torres repetidoras de sinal tanto de telefonia, de televisão, como de rádio e dos demais sistemas de telecomunicação.
Observei toda a topografia, o terreno composto de cascalho, pedras e vegetação de cerrado ralo. Pudemos aproveitar, porém, da sobra de uma frondosa sucupira que destoava das demais árvores de pequeno porte.
Iniciei fotografando a cidade com uma pequena objetiva que podia alcançar toda a área local e demais montanhas ao redor. No entanto, logo optei por mudar a lente colocando uma 70/300 e buscar os detalhes e os pontos mais conhecidos de Pirenópolis.
Uma foto do centro, da praça e da Igreja Matriz do Rosário e ruas adjacentes.
Em uma outra, o cenário do Cavalhódromo, local especialmente construído para abrigar as cavalhadas, importante manifestação e festa cultural da cidade.
Em outra, busquei apresentar os estragos realizados pela extração de pedras arenosas, muito utilizadas para piscinas, por não reter calor.
Tudo registrado lá em cima, decidi por descer a pé para, no caminho de volta, fotografar a estrada de acesso, as torres e a vegetação.
Chegando a Pirenópolis, hora de buscar uma cerveja gelada e um fogão caipira.