(por: José Rodolpho Assenço)
Brejo do Amparo é um antigo distrito do município de Januária, marco da formação desta, que é a principal e mais antiga cidade do médio São Francisco. Representa o início da ocupação do norte de Minas Gerais.
Tive a oportunidade de conhecer esse belo povoamento no início deste ano. Estava acompanhado de Nayara e do amigo Humberto Neiva e sua família: filha e netos.
Distante poucos quilômetros do centro de Januária, no sentido oeste, foi o primeiro povoamento de toda a região. Conhecendo sua história, convidei a todos os amigos para essa pequena incursão.
Brejo do Amparo surgiu ainda no século XVII, advindo das incursões de Borba Gato pelos sertões. Em uma de suas pousadas, fundou ali o sertanista uma aldeia e um sítio que logo teve um crescimento acelerado.
Após inúmeros entraves junto aos índios Caiapós e estando a região livre destes, o povoamento se transferiu, em parte, para uma localidade ribeirinha de nome Porto Salgado, local onde hoje é Januária.
Porém, a sede que continuava em Brejo do Amparo prosseguiu em crescimento sendo entreposto de mercadorias que circulavam no sertão, em especial cana de açúcar e grãos. Foi também ponto de distribuição do sal que vinha do litoral e subia pelo rio.
Hoje, a área de Brejo do Amparo está estacionada no tempo com seus casarões e Igrejas, uma vila tranquila e pacata e tem seu silêncio apenas interrompido por alguns turistas que a visita; pela entrada de caminhões transportando cana; ou pelo barulho da cachaça descendo dos alambiques.
Entrando na cidade, estacionamos em um largo ou praça sem calçamento, que fica em frente da Igreja Matriz de Brejo do Amparo, a Igreja nova, e iniciamos nossas fotos imediatamente.
Havia chovido fazia pouco tempo e não havia uma boa luz para fotografar. Por isso, escolhemos trabalhar com um ISO superior para aproveitar a parca luz desse dia.
Seguimos fotografando os casarões circunvizinhos à Igreja e, em seguida, partimos a caminhar por algumas das poucas ruas com pavimentação, sempre buscando uma bela foto de algum casarão.
Após as fotos da cidade, retornamos aos veículos para buscar a segunda parte de nosso passeio, que seria visitar um grande alambique que produz e vende a famosa cachaça de Januária para todo o pais.
Entramos em uma rua curva e comprida e logo chegamos ao referido alambique.
A cachaça, por sua vez, tem toda uma arte e técnica na sua produção.
Inicialmente, a cana madura, fresca, limpa passa por uma moagem, quando se separa imediatamente o caldo do bagaço, que será utilizado para aquecer os fornos. O caldo, por sua vez, é decantado com adição de nutrientes para a fermentação, podendo ser fubá de milho e leveduras e segue para as dornas de fermentação.
As dornas ficam com a mistura de caldo por 24 horas e o resultado é o vinho da cana que não faz bem a saúde, pois possui ácidos e, muitas vezes, bactérias. Em seguida, o vinho é destilado é fervido em um alambique de cobre e seu vapor condensando: já é a cachaça com uma graduação alcoólica.
Após ter produzido a cachaça, vem a fase importantíssima, que é o seu envelhecimento em barris de madeira, podendo variar dependendo de qual tipo de cachaça deve ser produzida: se clara, pura, amarelada ou mais envelhecida. Na estocagem para envelhecimento, as reações químicas da cachaça com a própria madeira do barril ainda acontecem.
Por fim, resta apenas engarrafamento e rotulagem dessas.
Assim que entramos no alambique, tivemos a oportunidade de ganhar uma prova, uma degustação do produto, passamos a visitar os inúmeros barris de madeira de lei.
Vimos também as dornas e o alambique propriamente dito onde o vinho é destilado.
Seguimos visitando ainda o depósito onde ela fica em envelhecimento e também o depósito das garrafas já prontas para embarcar para as distribuidoras.
Felizes com nossa visita à cidade, bem como ao alambique, retornamos logo a tarde para Januária.