(por: José Rodolpho Assenço)
Miracema do Tocantins (antiga Miracema do Norte) foi a capital provisória escolhida pelo Governo Federal para o Estado do Tocantins, o que aconteceu de primeiro de janeiro de 1989 a dezembro do mesmo ano.
A bem da verdade, a primeira capital, levando-se em consideração a existência da comarca do Norte no século XIX, foi Natividade e, depois, Paranã (antiga Vila de Palma).
Estávamos em uma equipe de trabalho desenvolvida pelo Rotary no intuito de proferir palestras e orientações sobre nossa entidade em Colinas do Tocantins, onde reunimos participantes de todo o estado. Colinas encontra-se, aproximadamente, a trezentos quilômetros da capital, Palmas. Descemos de nosso voo na capital, onde buscamos um veículo alugado para atingirmos o norte do estado. Acompanhavam-me nessa viagem mais três nobres companheiros de clube.
Segui dirigindo por aproximadamente uns oitenta quilômetros, ao norte da capital, até a cidade de Miracema. Assim que chegamos ao balão de acesso, questionei os colegas sobre a possibilidade de conhecer essa cidade, por ter sido a capital provisória do estado, levando-se em consideração que tínhamos ainda uma folga de horário para chegar a Colinas, o que se decidiu pelo consenso de todos.
Miracema, nome de origem indígena, vem de Piracema, período em que os peixes sobem o rio para desovar, que coincide hoje com o período de proibição de pesca nos rios brasileiros.
A história da região está envolvida com os perigosos índios Xerentes que, por diversas vezes, atacaram, no século XVIII e XIX, os arraiais do norte de Goiás.
Os temíveis índios foram sendo expulsos pela ocupação de colonos, agricultores, pecuaristas e garimpeiros.
A colonização do local foi marcada por mortes e sofrimentos, não somente pelo confronto com os índios, mas também pelos banhados do córrego Providência, que provocavam febres avassaladoras em quase todos os residentes; ainda assim, devido a grande fertilidade do solo e a condição de navegabilidade do Tocantins, as lavouras, na localidade, e a colonização prosperaram. Por volta da segunda década do século XX, após a instalação de um estabelecimento comercial, diversos imigrantes se estabeleceram ao seu redor formando o primeiro núcleo urbano.
Assim que chegamos a Miracema do Tocantins, seguimos por uma longa alameda até atingirmos as margens do rio, local onde antigamente era o porto das balsas que o atravessavam, uma vez que a ponte de ligação desta a Lajeado, município vizinho, tem poucos anos de existência. Pode-se ainda observar toda a rampa que ainda existe do lado oposto ao rio.
Estacionamos e descemos a rua, onde havia uma grande cruz, para observar o rio, algumas canoas e barcos ali alojados no largo da rampa desse pequeno porto. Havia também dois restaurantes um em cada lado da rampa.
Ainda no local da cruz, pode-se ver um pequeno e singelo jardim a uma grande construção em concreto com os dizeres “Miracema, o Tocantins começa aqui”.
No lado inverso do estacionamento, existe uma grande construção circular na cor marrom; ao final do prolongamento de uma comprida praça, que na verdade é a própria Avenida Tocantins, há um canteiro central muito largo em seu meio com diversos pilotis que dão suporte a uma passarela com uma cobertura circular semelhante a um caramanchão.
Diversas casas que remetem a meados do século passado de ambos os lados do local.
Convidei meus companheiros de viagem e de Rotary para registrar nossa presença no local com fotos.
Após essa estada, seguimos imediatamente para a praça principal e para a Igreja Matriz realizando novas fotos. Trata-se de Matriz de Santa Terezinha do Menino Jesus, toda circular com uma grande torre sineira afastada. Pude observar algumas outras igrejas no estado com semelhante formato, que consiste em diversas pequenas faces formando um círculo e com pontas na soleira superior de cada fase.
Estacionei novamente na praça principal, momento em que, enquanto aproveitava para tirar algumas fotos das casas ao seu redor, o companheiro Saulo foi a uma pequena venda para comprar água mineral, pois ainda tínhamos mais duzentos quilômetros aproximadamente a serem percorridos. Ainda na praça, pudemos observar um pequeno coreto.
Saímos da cidade pela mesma alameda onde havíamos entrado e seguimos mais uns vinte quilômetros até atingir a BR153 (Belém Brasília), rumo ao norte do estado.