(por: José Rodolpho Assenço)
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, cuja capela inicial remete a 1713, quando da fundação da Irmandade de mesmo nome na Barra de Sabará, Minas Gerais, apesar de ser um templo inacabado, é de grande beleza e tem em sua nave, próximo ao altar principal, a capela da qual se originou.
Sua construção, provavelmente, ocorreu entre os anos de 1767 e 1878. Nunca foi finalizada, tendo sido um de seus primeiros obstáculos as dificuldades financeiras da Irmandade dos Homens Pretos. Ocorreram, posteriormente, diversas tentativas para a conclusão, porém todas sem êxito. Até que perdeu sua finalidade devido ao advento da abolição da escravatura.
Monumento tombado pelo patrimônio histórico nacional em 1938, tem como atração o grande paredão de pedra na qual foi construída, bem como uma fachada imponente situada em um pequeno aterro, em uma simpática praça dessa histórica cidade mineira.
Possui a capela-mor duas sacristias laterais, portão principal de grande porte, diversas janelas superiores. Excetuando-se a capela-mor, as demais partes não foram concluídas.
No verão passado, quando de minha visita a Sabará, não hesitei em dispensar alguns minutos visitando essa imponente obra, situada em um desnível, aclive no qual compõe toda a praça. Diversos prédios históricos também fazem parte do cenário da referida praça, que tem em sua parte superior o aterro murado e branco da base da Igreja.
Logo que me aproximei de sua muralha, fiquei observando as inúmeras pedras encaixadas cuidadosamente que, em tonalidades diferentes, compõem, por si só, uma bela moldura.
Tomando o cuidado de fotografar suas portas e janelas, murais e demais detalhes, procurei logo a parte interna, onde se localiza a pequena capela, tendo nas muralhas a sua volta uma visão análoga a uma fortaleza.
Pude realizar diversas fotos, mesmo tendo sido prejudicado, em alguns casos, pelo forte sol, frontal, de verão em um final de tarde que entrava inclinado pelas portas e janelas.
À medida que eu ia visitando e registrando esse monumento, pensava justamente no sacrifício realizado pela Irmandade dos Homens Pretos que, apesar das parcas condições financeiras, realizaram tal façanha. Pensava também que todo esse sacrifício teria sido em vão, uma vez que, a partir das leis abolicionistas, como a do Ventre Livre, sua finalidade em atender essa comunidade ia perdendo o valor.
Considerei que, a partir de um determinado momento, levando em consideração o grande número de negros forros, poderiam esses frequentar qualquer outra paróquia que achasse conveniente.
Ao finalizar a visita à Igreja do Rosário, permaneci no aterro em frente à praça realizando algumas imagens ao seu redor — suas ruas laterais — e, por fim, satisfeito com o que vi, busquei novamente a estrada no sentido de Belo Horizonte.