(por: José Rodolpho Assenço)
Wurststrasse significa Rua da Linguiça. Trata-se da Rua Quinze de Novembro, que é a principal artéria do centro histórico de Blumenau (SC) e marco da colonização Alemã no Brasil.
Como se tratava inicialmente de uma trilha estreita e sinuosa, ganhou esse nome de wurststrasse em comparação com o gênero alimentício quando da chegada dos imigrantes ao Vale do Itajaí, em 1850. Diversas reformas aconteceram alterando inclusive seu traçado sinuoso, sendo finalmente reurbanizada em 2000 para comemoração dos 150 anos da chegada dos colonos alemães à região.
Quando de minha rápida estada em Blumenau, em companhia de Carol, minha filha, pedimos informação aos cidadãos de descendência alemã, sobre pontos e peculiaridades turísticas do local e tomamos conhecimento da existência de diversos túneis e provável “bunker” sob o calçamento da wurststrasse, que, segundo a lenda local, teria sido construído para abrigar Adolf Hitler quando de uma eventual visita ou pela derrocada da Alemanha nazista, como uma provável rota de fuga.
Imbuído do espírito de curioso pesquisador ou historiador, busquei imediatamente relatos sobre esses túneis e me surpreendi com a quantidade de informações disponíveis. Descobri, nessa rápida pesquisa, que os túneis ligavam o Colégio Pedro II ao Sagrada Família e, ainda, ao colégio Dom Bosco. Outra ramificação partia do Castelinho de Moellmann, hoje sede de uma loja de departamentos, e seguia para diversas outras casas com uma ramificação para o Rio Itajaí.
Mas o que, especialmente, me chamou mais atenção foi conhecer a história do Teatro Carlos Gomes, relatada, inicialmente, em conversa que mantive com um taxista. Ele me disse que o teatro, a praça e calçamento a sua frente teriam passado por obras de revitalização, acontecida recentemente e que haviam encontrado nas escavações diversos canais e até um bunker que, segundo esse motorista, serviria como um dos destinos de fuga para Hitler no final da Segunda Grande Guerra.
Diversos relatos encontrei sobre o Teatro. Foi construído em 1939 com recursos advindos do Terceiro Reich. Possui um formato germânico-nazista e ainda uma pequena varanda. Acreditava-se que, após a vitória na guerra, Hitler visitaria todos os pontos de colonização alemã ao redor do mundo, e nessa pequena varanda imporia sua nova ordem mundial.
Até os dias de hoje, há dúvida se Adolf Hitler teria realmente se suicidado. Não existe registro sobre a ocupação soviética em Berlim, com relação ao paradeiro dele nem o de Eva Braun. Sabia-se apenas da possibilidade de fuga de ambos para algum pais da América Latina.
Há quem diga que os inúmeros canais construídos durante a Segunda Grande Guerra se destinaram a esconder simpatizantes nazistas dentro do Brasil e a receber algum staff do Reich em fuga da Alemanha destruída.
Conversei sobre o assunto com minha filha e decidimos fazer quase todo o percurso da Rua XV de Novembro a pé conhecendo as edificações de estilo germânico.
Outra agradável surpresa no caminho: a belíssima Catedral de São Paulo Apóstolo. Assim que chegamos a sua entrada, na Wurststrasse, subimos uma breve escadaria em pedra e seguimos para sua entrada.
A Catedral possui diversos vitrôs, alguns coloridos, outros decorativos, registrando as estações de Cristo. Um salão gigante com pé direito muito alto chama também atenção; de igual forma, a pedra de água benta em rocha logo na entrada, bem como os confessionários em mármore.
Segui com minha filha até próximo ao altar, de onde observamos, à esquerda, um belo vitrô; e à direita, o mezanino com um órgão.
Apos a visita à catedral, seguimos pela rua, fotografando diversas casas, em especial o Castelo Moellmann e uma pequena praça a sua frente.
Prosseguimos depois para o Teatro Carlos Gomes.
Nesse teatro, fiz questão de fotografar a pequenina varanda, construída provavelmente para o discurso do Führer, quando em visita, e a praça e jardim que estão sobre os túneis.
Seguimos pela rua até seu final e, de lá, registramos a Prefeitura Municipal de Blumenau, um prédio grande e largo, construído para ser a estação ferroviária,
tendo sido empregado nessa sede idêntica técnica de construção enxaimel utilizada pelos colonos.
Finalizamos nosso passeio às margens do Rio Itajaí, observando alguns banhistas, pessoas que desfrutavam do rio passeando de lancha e jet e observando a ponte Aldo Pereira de Andrade,
construída em 1931 com equipamentos e metais trazidos da Alemanha.