(por: José Rodolpho Assenço)
Carabandella ou Coromandel, muitos nomes, muitas histórias em um mesmo lugar.
Carabandella — como era conhecido o arraial visitado por alguns viajantes do século XIX — guarda histórias fantásticas. Terra natal de diversos artistas, músicos, compositores e escritores.
Esse povoamento teve início no final do século XVIII, às margens do córrego do Pouso Alegre, no rancho de mesmo nome. O proprietário desse rancho, que recebia todos os viajantes que seguiam para a Vila de Paracatu e para a Província de Goiás, tinha a habilidade de contar muitas histórias da região, na maioria com tendências religiosas. Referia-se ao Capeta como Carabandella; dizia ser também um espírito do mal que habitava as matas da região.
De uma parada obrigatória, não tardou acontecer a descoberta de diamantes em seus córregos, o que, rapidamente, incrementou a povoação. Conta-se que os maiores diamantes da América do Sul foram extraídos na região e que essa atividade continua até os dias de hoje.
Mineradores portugueses também buscaram a região à procura dessa gema. Assim, dizem alguns historiadores, que, por terem vindos esses mineradores da Costa de Coromandel, tenham influenciado na mudança do nome.
Outros relatos indicam que o nome Carabandella vem de um dialeto africano — trazido pelos escravos que trabalhavam nessa região —, cujo significado é semelhante a “bagunça” ou “confusão”.
Em 1819, quando da passagem do naturalista francês August de Saint Hilaire, relata-se que, aquele povoado não passava de algumas choupanas e uma capela.
Já na viagem do General Raimundo José da Cunha Mattos em 1824, Carabandella ou Arraial de Sant´Anna do Pouso Alegre era composta de umas quarenta casas e a capela de Sant´Anna, ficando todo o arraial em declive e próximo ao córrego Pouso Alegre. Há, ainda, um relato de Cunha Mattos que algumas pessoas chamavam o arraial de Coromandel. Dizia o militar, porém, se tratar de um erro. O certo é que habitavam o lugar o Capelão, o sacerdote, o estalajadeiro, os vendeiros, o escrivão e algumas meretrizes. O restante da população era composta de, fazendeiros e lavradores que não habitavam essas instalações nos dias de semana.
Com o passar dos anos, o arraial de Sant´Anna do Pouso Alegre teve acrescido o nome de Carabandella, modificado depois para Sant´Anna do Pouso Alegre de Coromandel. E, finalmente, quando foi criado o distrito no ano de 1870, para tão-somente Coromandel.
Em 1905, a pequena capela de Sant´Anna foi substituída pela Matriz de Sant´Anna de Coromandel, que ornamenta uma bela e pequena praça no mesmo local da antecessora e onde todo o povoamento começou.
Em minha ida à referida Matriz, acompanhado de amigos visitantes, subimos no mezanino, para algumas fotos e, para nossa satisfação, quando tirávamos algumas fotografias, do lado de fora, fomos surpreendidos por um senhor que questionou se tínhamos autorização para fotografar a Igreja. Intrigado com isso, perguntei, em voz de poucos amigos: “autorização de quem?” Seguido de risos, aquele senhor me respondeu: “do padre! Eu sou o padre”.
Logo nos entreolhamos e começamos a rir em companhia do Padre Divino, pessoa simpática e extremamente comunicativa. Ele abriu as portas de sua paróquia, apresentando os detalhes e informando sobre a maneira informal como conduz suas missas.
Imediatamente, Padre Divino entrou para próximo do altar e iniciou suas atividades cantando, e bem, diversas músicas, momento em que, agradecidos pela acolhida, achamos por bem seguir e conhecer a cidade.
Coromandel é terra do poeta do sertão Goiá (Gerson Coutinho da Silva), maior compositor do sertanejo de raiz.
Visitamos o Poço Verde local de inspiração de Goiá, um poço profundo, cercado de matas nas proximidades de Coromandel.
Voltamos à cidade para conhecer as agradabilíssimas ruas e avenidas largas, situadas em um altiplano.
Finalizamos nossa visita com registros fotográficos da praça central e das ruas adjacentes.