(por: José Rodolpho Assenço)
A Fazenda do Leitão ou Fazenda do Córrego do Leitão, construída por volta de 1833, é a única edificação remanescente do Antigo Arraial de Curral del Rey.
Construída por José Candido da Silveira, o remanescente casarão assistiu ser destruído o velho arraial para a construção da nova capital mineira, Belo Horizonte, sendo o único símbolo ou lembrança daquela época.
Porém, assistiu também às imensas transformações, como a construção da cidade e seu crescimento, e hoje, o casarão persiste rodeado pela imensa capital com seus espigões, no bairro de Lourdes, bem próximo ao centro.
Preciso citar fatos relativos ao desmantelamento de Curral del Rey, o que faz parte da irresponsavél mania de nosso povo, e os governantes, em destruir o que representa materialmente o passado, quando da implementação de um novo projeto.
Curral del Rey era um próspero arraial no sopé da Serra de mesmo nome, que tinha seu conjunto arquitetônico com diversas Igrejas casas e casarões do período colonial.
A partir de 1894, com o início da construção de BH, a Companhia Construtora da Nova Capital iniciou seu projeto de cidade moderna concomitantemente com o de arrasamento total de Curral Del Rey. Entre 1894 a 1897, as Igrejas do Rosário e de Santana foram demolidas. Por volta de 1900, pouco restava do Arraial, além da Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem. Em 1906, o belo sobrado colonial que serviu de escritório para companhia foi a última casa a ser aniquilada.
Por fim, em 1932, com a nova Matriz já construída, demoliram a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, finalizando assim, as lembranças do velho arraial e destruindo por completo, um pedaço da história de Minas Gerais.
Retratou-se assim, uma forma de negar as origens coloniais mineiras de estilo barroco, que persistem nas demais cidades históricas desse belo estado, justificando, para tanto, a necessidade desmedida de uma cidade moderna.
Com o passar dos anos, a nova capital sendo instalada, o casarão da Fazenda do Leitão teve diversas utilizações, tais como: hospedaria; sede de uma fábrica; posto de atendimento e, finalmente em 1940, passou a ter uma destinação mais nobre, condizente com sua importância transformado no Museu Histórico de Belo Horizonte ou Museu Abílio Barreto.
Atualmente guarda em seu interior grande parte dos documentos de mais de cem anos dessa bela capital.
Situado em um pequeno bosque de arvores centenárias, formam um conjunto único em meio a um mundo de concreto e asfalto ao seu redor.
Estacionados neste jardim, encontram-se a primeira locomotiva a vapor que funcionou de 1894 a 1897, transportando pessoas e ferramentas para a construção da nova cidade, fazendo a ligação do arraial com a Estrada de Ferro Central do Brasil;
e um velho bonde que circulou por Belo Horizonte até o ano de 1963.
Visitamos todos os cômodos, e observamos que seu formato e sua disposição no terreno, com um estacionamento de grandes pedras redondas que o circula logo abaixo, sugere que a sede da fazenda recebia grandes carruagens, demonstrando sua importância no período.
Construído com diversas terças de madeira de lei, de grande largura e adobe todo o conjunto passou por uma grande restauração recentemente.