(por: José Rodolpho Assenço)
Surgiu no sertão goiano, por volta de 1731, ainda no rastro da fome do garimpo pelo então recém-descoberto ouro da região, Corumbá de Goiás, ou, Arraial de Nossa Senhora da Penha de Corumbá. Bandeirante e mineradores paulistas e portugueses obtiveram de Bartolomeu Bueno da Silva (Anhanguera), chefe de todas as minas de Goiás, a permissão para explorar ouro nessa região.
Inicialmente, com construções que se assemelhavam a barracos, o Arraial iniciou-se na margem esquerda do rio Corumbá. Porém, ante a diversas incursões dos silvícolas — o que resultou em grandes baixas — decidiram mudar para um outeiro na margem direita desse rio, a fim de obterem necessária proteção dos moradores e ali, definitivamente, se instalar o arraial no mesmo local onde hoje se encontra o centro histórico daquela simpática cidade goiana.
Em 1733, foi erigida a primeira capela, exatamente onde hoje se encontra a Igreja de mesmo nome: Matriz de Nossa Senhora da Penha de França de Corumbá.
Aproximadamente em 1750, foi, por fim, construída a atual Matriz que, de um outeiro, vigiava-se parte da cidade, tendo também a seu lado uma simpática praça onde se teria construído as primeiras casas em alvenaria, ou em adobe, que sobrevivem ao tempo e tornaram, nos dias de hoje, o local de grande beleza.
Auguste de Saint-Hilaire, em sua viagem ao interior de Goiás no ano de 1819, relatou as condições de abandono em que se encontrava esses arraiais, resultante do fim do período aurífero da região. Contou o viajante que, ao chegar em Corumbá, foi lhe cedida uma casa desabitada, como tantas outras que havia no local.
Naquele ano, Corumbá tinha o formato de um triângulo, com ruas largas, casas pequenas e extremamente baixas. Ressalta o referido autor que os habitantes, naquela época, estavam em total indigência, sobrando apenas alguns artífices que trabalhavam para os lavradores locais, tempo aquele em que as mulheres teciam algodão.
Em 1819, Corumbá havia se tornado apenas uma capela que dependia da paróquia de Meia Ponte (Pirenópolis).
Em minha viagem, quando retornava de Pirenópolis com meus filhos e decidi entrar em Corumbá para uma rápida visita — fazia uns vinte anos que não passava dentro da cidade — percebi tratar-se, hoje, de uma pequena cidade, bem calçada e arborizada. Ao descer pela avenida de acesso, logo cheguei à praça triangular, perpendicular à Matriz, local onde a cidade começara.
Ao contrário de Pirenópolis, que possui um apelo turístico muito forte e que recebe milhares de pessoas todos os fins de semana, em Corumbá, confesso que foi difícil encontrar alguns dos pouquíssimos moradores caminhando pelas ruas. Destaque-se, porém, que a conservação das casas e dos monumentos dessa cidade não deixam nada a desejar: casas de adobe, limpas e bem conservadas.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de França retrata também esse sentimento de conservação. Aliás, tomei conhecimento que ela havia passado, recentemente, por um trabalho de conservação.
Com certeza, os habitantes da cidade estão de parabéns tanto pela conservação de seus monumentos como pela limpeza em todo o centro histórico de Corumbá.