(por: José Rodolpho Assenço)
Conta uma lenda de origem indígena, Tupi-guarani, que o Rio Iguaçu corria, inicialmente, sem nenhuma cachoeira.
Os índios que habitavam a região acreditavam ser o Pajé Mboí um deus poderoso e filho de Tupã. Em um determinado dia, a filha do cacique, a bela Naipi, seria consagrada em um importante culto conduzido pelo Pajé.
Porém a jovem se apaixonou por um guerreiro da tribo e fugiu com ele exatamente no dia dessa importante cerimônia, descendo o rio de canoa. Naquele momento, o Pajé, enfurecido com o acontecimento, teria provocado, com seus poderes enormes, desmoronamentos no rio, formando as cataratas.
Teria acontecido que a singela canoa dos amantes, não conseguindo escapar das correntezas, levou os amantes a cair nessas imponentes cataratas, transformando ele em uma palmeira à beira do rio e ela, em uma pedra junto à grande catarata.
Com isso, o amante foi condenado a contemplar sua amada sem poder tê-la; e ela, a sofrer eternamente o açoite das águas.
Sabe-se que o primeiro descobridor das Cataratas do Iguaçu foi o espanhol Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, em 1542.
As cataratas formam um complexo de 275 cachoeiras por quase três quilômetros de rio, com quedas em média de 60 a 80 metros de altura. A única exceção é a Garganta do Diabo, que conta com aproximadamente 90 metros de altura e 700 de comprimento, separando o Brasil da Argentina.
Grande parte das cataratas está no lado argentino, mas o conjunto proporciona um visual ímpar em ambos os países. Sabe-se também que uma grande área foi destinada a parques nacionais, designados patrimônio mundial da UNESCO.
No começo desse mês de julho de 2014, tive a oportunidade de visitar tanto o lado brasileiro como também o argentino em companhia de meus filhos. Fazia muito tempo que não visitávamos tal lugar. Tivemos a imensa satisfação de presenciar uma grande cheia do rio Iguaçu, o que provocou, na Argentina, restrição de visita a determinados locais, tendo em vista os riscos decorrente do grande volume de água.
No território brasileiro, o passeio, sim, foi completo, proporcionando-nos a oportunidade de contemplarmos a grande cheia, um gigantesco volume de água que despencava.
Iniciamos nosso trajeto em uma trilha de descida por aproximadamente 1,5 quilometro em local extremamente agradável de mata exuberante e húmida; passamos e registramos fotos em alguns pontos e mirantes; pudemos observar todas as quedas no lado argentino.
Percorrida essa distância, chegamos à passarela. Nesse local, colhi muitas fotos. Continuando na caminhada, fomos surpreendidos, tanto pelo grande volume de água, como pela mudança do vento. Na ocasião, surgiu uma espuma de água que começou a cair sobre nós, obrigando-nos a ficar na metade do trajeto da passarela.
Seguimos, no entanto, para o mirante do andar superior, a fim de registrar a principal queda d’água e, ainda, toda a espuma provocada ao fundo pela Garganta do Diabo. O interessante é que, nesse local, há uma loja de roupas, souvenires e conveniência e um elevador que nos remeteria ao topo do local de onde iniciamos nossa descida.
Questionado pelos meninos se subiríamos de elevador e, ainda, diante da fila que havia para tal feito, reacendeu toda a minha impaciência, o que nos provocou uma subida por trilha, que foi, na verdade, muito agradável e gratificante.
Já havia visitado as cataratas por uma dezena de vezes e confesso que a cada visita sempre me surpreendo com esse maravilhoso lugar.