(por: José Rodolpho Assenço)
A Lagoa Feia, distantes apenas setenta quilômetros da capital do país, guarda um pedaço da história pouco conhecida da antiga Província de Goyaz, e do antigo Arraial de Couros (Formosa).
Com o crescimento da mineração no interior do Brasil no século XVIII e a necessidade tanto de abastecimento dessa região como de expansão pecuária, que se deu no noroeste mineiro pelos pecuaristas baianos, estradas e picadas foram abertas ligando os portos dos rios baianos com o sul de Goiás e também ligando estes a Minas e ao Rio de Janeiro.
Nesse contexto, a Lagoa Feia encontrava-se bem situada para um posto de arrecadação e fiscalização de todas as entradas e saídas da nova província, pois dela partia a estrada geral do sertão no sentido da Bahia; a estrada real no sentido a Vila Boa (Goiás), que fazia sua ligação com o registro do Arrependido; e ainda a estrada que seguia em direção aos Arraiais do norte.
Nesse local, foi erguido o Registro da Lagoa Feia para arrecadar e taxar todas as mercadorias e semoventes que entravam e saiam da província, além de fiscalizar possíveis descaminhos do ouro.
Já havia nas imediações o Arraial de Santo Antonio, localizado na barra do rio Itiquira com o Paranã, que, por motivo de insalubridade do local e para contar com a proteção da guarda do Registro, mudou-se para a região da Lagoa Feia, onde ali foram construídas casas cobertas e com portas de couro, produto abundante da região de pecuária, dando origem ao Arraial de Couros (Formosa).
Nessa época, as tropas de moares carregando mercadorias e acompanhando gado paravam à beira da lagoa para descansar e saciar seus animais. Isso contribuiu para que Formosa crescesse, tendo no comércio de gêneros para atender esses viajantes sua principal fonte de renda.
Realizei, recentemente, uma rápida visita à Lagoa no intuito de buscar algumas imagens. Não visitava esse local há algumas décadas. Encontrei naquela área, além de um bairro residencial, um local aprazível com restaurantes as suas margens. Hoje, sem dúvida, representa uma importante opção de lazer à população da cidade.
Conta a Lagoa com uma reserva a sua margem, reserva essa que a protege e que a conserva dos efeitos da poluição produzida pela cidade.
À margem norte, pude observar uma região de capim bem alto, que me pareceu pantanoso. Imaginei como seria tocar as boiadas a duzentos anos atrás.
Na margem oposta, sentido leste, está o centro de treinamento do Exército Brasileiro que, por sua vez, impede o crescimento imobiliário da região, mas a conserva de poluição.