(por: José Rodolpho Assenço)
Registra a história de Alagoas que a Igreja de Nossa Senhora da Apresentação é marco importante do início da colonização da região e do domínio português na então Capitania de Pernambuco.
Estive em Porto Calvo, Alagoas, no intuito de visitar essa Igreja que, segundo pesquisas, é a oitava mais antiga do país e, ainda, a segunda mais antiga em funcionamento (provavelmente as demais estejam em ruínas ou extintas).
Mesmo longe, na estrada que liga Japaratinga a Porto Calvo, já se podia avistar a edificação grande no topo da colina, em um dos pontos mais altos da cidade, com suas janelas pequenas e retangulares que sugeriam uma fortificação.
Chegando a um pequeno largo, subi alguns lances de escada e logo me deparei com a citada edificação. No local, tive a sorte de conseguir a companhia de um funcionário paroquial que me acompanhou à visitação, relatando fatos sobre a igreja, bem como sobre a cidade que a cerca.
Este outeiro e alguns muros ao redor da Igreja, eram uma pequena fortaleza, forma da cidade se proteger das constantes invasões francesas e holandesas que assolaram a região. Ressalte-se que a própria Igreja, na verdade, foi construída como sendo também uma fortaleza, o que pude observar imediatamente, pois suas paredes externas têm a espessura aproximada de dois metros, construídas em pedra e adobe; janelas estreitas na parte superior, servindo de proteção aos mosqueteiros que provavelmente teriam ali uma visão privilegiada do inimigo invasor.
O companheiro que estava comigo, me contou que diversas batalhas, principalmente, contra os holandeses foram travadas nas proximidades da igreja e que, numa pequena área cercada pelo muro, existem diversas ossadas. Informou-me também que em uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco localizaram diversas ossadas mutiladas perto da Igreja, o que alimenta ainda mais a ideia de que houve batalhas e resistências.
Prossegui ouvindo atentamente os relatos do jovem, ao tempo em que eu tirava diversas fotos da velha edificação: sua nave, altar principal, dois altares secundários e instalações.
O referido funcionário me acompanhou à parte interna da Igreja, onde paredes grossas também serviam de sepultura aos padres e pessoas importante da região, todas essas paredes aparentam ser ocas e túmulos de diversos antigos colonos.
Por fim, relatou-me o jovem que existe um túnel de funga saindo pelo fundo do altar para fora das muralhas. Enfatizou, porém, que infelizmente eu não poderia visitá-lo, uma vez que, por motivo de segurança, estaria interditado, aguardando recuperação.
Finalizei minha visita com algumas imagens da lateral e da casa paroquial.