(por: José Rodolpho Assenço)
O Deserto do Jalapão compreende uma grande extensão de terra desde o meio oeste do Estado do Tocantins até a divisa com a Bahia. Compreende inúmeras terras devolutas, contando, porém, com outras declaradas como Parque Estadual, incluindo-se, nesse contexto, o pequeno Município de Mateiros, como um oásis diante de tamanho vazio.
Trata-se realmente de um deserto que, na expressão correta da palavra, significa uma área desabitada ou quase desabitada. Dessa forma, vamos nos ater principalmente ao deserto propriamente dito, a região arenosa e repleta de dunas dentro do Parque Estadual do Jalapão.
No caminho, ao longe, observamos a imponente e bizarra imagem da Serra do Espírito Santo, que é composta de sedimentos areníticos. É de lá que, ante o efeito do vento, vem a areia que forma o deserto logo abaixo. Impressionante, uma visão diferente de todas as serras que já conheci, uma vez que essas erosões evidenciam paredes de areias em cores e formações diferentes, provocando rara beleza.
Já próximo das dunas, passamos por uma singela lagoa que compõe um belo visual também com a serra ao fundo.
Após desembarcarmos de uma caminhonete e fazermos uma breve caminhada, chegamos ao sopé da principal duna, provavelmente a mais alta do parque, onde, em sua base, corre, serpenteando a duna, um córrego que provavelmente abastece a lagoa logo abaixo.
Ainda era começo da tarde, quando iniciamos a árdua subida da duna. O parque estava deserto. Somente eu e os companheiros Cleber e seu filho Danilo, que disse estar feliz com a excursão no deserto. Chegando ao topo, colocamos alguns equipamentos no chão e partimos então na busca do maior e mais completo número de fotos do local.
Ficamos fotografando por horas. À medida que o tempo ia passando e o final da tarde se aproximava, a coloração, tanto das areias das dunas, como da Serra do Espírito Santo, iam mudando a cor da areia para um amarelado mais escuro.
Percebemos então que teríamos realmente que aguardar no local até o entardecer para buscar imagens únicas, ou de grande beleza.
Do topo, conseguimos produzir algumas fotos. Procuramos nelas apresentar a profundidade do deserto até o sopé da serra, bem como diversas dunas de tamanhos menores mescladas com um tipo de vegetação que se assemelha a da caatinga.
O local sofre de infestação de Mutuca, uma mosca semelhante a uma pequena mariposa e que se alimenta de sangue. Quando me surpreendi com uma imagem: Danilo matava sequencialmente as mutucas que pousavam em sua perna, e já havia um pássaro que o acompanhava com o objetivo de comer essas moscas esquisitas, por ele arremessadas à areia. Diversão estranha e inusitada.
Ao entardecer tivemos inesperadas companhias: algumas excursões que tinham por objetivo levar seus clientes às dunas, justamente ao entardecer, para observar as mudanças de cores na serra e em todo o visual. Tais visitantes, porém, não nos atrapalharam a produzir um grande número de fotos com diferentes condições de iluminação.
Por fim, exaustos, tendo em vista que passamos praticamente toda a tarde em pé e em cima das dunas, caminhando em alguns momentos, foi quando o amigo Cleber me convidou para descer a duna e iniciar, dessa feita, uma série de fotos de baixo para cima, na contraluz.
Durante essa nova empreitada, surgiu uma repentina dor no joelho, devido a uma fragilidade de menisco. Avisei, então, ao companheiro que não tinha mais condições de descer e subir, ou ainda, que, se descesse, não subiria mais. Consegui arrancar alguns risos do Cleber. Logo em seguida, finalizamos o nosso trabalho no deserto.