(por: José Rodolpho Assenço)
O Vale do Jequitinhonha é, sem dúvida, uma região de inúmeros contrastes e apresenta um artesanato extremamente diversificado tendo, em suas cerâmicas decorativas, sua maior representação.
O Vale, composto por diversos municípios do norte de Minas Gerais, é considerado uma das regiões mais pobres do país, com solo árido, vegetação arbustiva análoga à caatinga nordestina. Sofre por falta de chuvas na região. Há quem diga, no entanto, que não foi sempre assim e que, no século XVI, a região era composta de matas, tendo tal mudança da vegetação e do clima decorrido do desmatamento para aproveitamento de madeira, bem como do efeito devastador dos garimpos de diamante.
Com grande parte da população vivendo na área rural, as cerâmicas tiveram início muitos anos atrás, com a confecção de panelas, potes e vasilhas pelas mulheres e que, em um dado momento, iniciaram a produção de figuras humanas e de animais ligados ao cotidiano da região. Essas peças trouxeram muita influência indígena em suas formas e colorações.
Enormes figuras e vasos começaram a ser produzidos e comercializados principalmente nos grandes centros, o que tornou popular e conhecido o referido artesanato, fazendo cair, definitivamente, a partir de 2000, na graça de decoradores.
Produzida em fornos à lenha, utilizam-se de barro encontrado próximo a rios e riachos da região com pigmentações diferentes de suas argilas, misturando-se a esse massa de barro cinzas de árvores da região até atingir o ponto ideal.
Viajando pela BR 367, próximo a Itaobim, Padre Paraíso e Araçuaí, encontramos, nas margens da rodovia, diversas vendas e barracos com uma infinidade de “bichinhos” e figuras humanas de todo tipo possível, tamanho, e também de cores diferentes. Mesmo Aqueles que têm pinturas características da região possuem colorações diferenciadas de barro, de tal sorte que todos constituem fortes atrativos a todos os viajantes que passam por lá.
Essas vendas são montadas e coordenadas pelos próprios artesãos que, principalmente nos finais de semana e feriados, transferem sua produção para a rodovia no intuito de atender aos viajantes.
Os vasos e figuras humanas têm dimensões tão variadas que algumas delas só podem ser transportadas em caminhonete de grande porte ou caminhão.